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O mundo mudou, mas e a governança?

Atualmente, vivenciamos um modelo definido como Governança 4.0, com destaque para a ESG
O mundo mudou, mas e a governança?
Foto: Reprodução Shutter

A mudança é uma constante no mundo atual. Da pandemia de Covid-19 que transformou a sociedade e trouxe o “novo normal” às novidades tecnológicas, encontramo-nos numa realidade complexa e marcada por mudanças. Para o mercado, elas trazem aceleração dos processos, ciclos de crises e disrupções e modificações nos hábitos de consumo. Para as empresas, tudo isso significa novas formas de sobrevivência. São novos caminhos para se preocupar com o hoje sem deixar de lado o amanhã.

Aqueles que estão à frente de organizações que almejam a perenidade nesse cenário de transformações precisam ter em mente que qualquer estratégia passa pela governança. A própria governança, entretanto, muda. Hoje vivenciamos um modelo definido como Governança 4.0, marcado pelo pensamento estratégico de longo prazo e priorização das pautas ESG.

Empresas que nascem com o DNA da inovação, como é o caso das startups, podem sair na frente na construção de uma governança mais contemporânea. Mas as mudanças devem chegar para todos. Para empresas familiares, a governança é relevante porque a empresa e a família, ainda que parte de um mesmo sistema, podem ter respostas diferentes e até conflitantes às mudanças.

Os negócios familiares, assim, enfrentam desafios próprios, que deverão recair sobre os ombros da próxima geração. A boa notícia é que há uma tendência de que os próximos líderes se sintam melhor preparados para antecipar a disrupção, já que olhar para o futuro e fomentar disrupção exige construir processos, modelos e práticas contemporâneas que façam sentido na realidade atual – e isso passa pela governança. Pensar em inovação implica revisitar a governança e avaliar o que faz sentido e o que ficou obsoleto na fase atual do negócio. Então, o que é mais importante: inovar a governança ou governar a inovação? Numa resposta direta, ambas. Há uma relação direta entre os dois caminhos, são dois lados da mesma moeda.

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Outro fator-chave na construção de uma governança atenta às transformações do mundo atual é a humanização das formas de operar e se relacionar. Deve-se pensar numa “governança emocional”, que se caracteriza pelo gerenciamento explícito dos aspectos emocionais na governança por meio de uma estrutura integrada e dinâmica, composta por mecanismos formais e informais que abrangem os níveis intrapessoal, interpessoal, grupal e organizacional.

Pensar numa nova governança não demanda abandonar o que foi construído até aqui. Qualquer nova governança parte da evolução do modelo tradicional, não do seu abandono. Isso porque o modelo tradicional é o que faz a governança se sustentar: auditoria independente, conselho fiscal, conselho de administração e outras estruturas tradicionais compõem as boas práticas de governança. Renovar a governança é trazer um novo olhar que acrescente a essas práticas e que inclua o sucessor e suas perspectivas na construção da governança.

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