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Com fala lúcida e oportuna na ONU, Lula critica acordos climáticos não cumpridos

Presidente ainda ressaltou que a democracia não aceita a fome, a desigualdade, o desemprego e a violência
Com fala lúcida e oportuna na ONU, Lula critica acordos climáticos não cumpridos
Lula discursa na abertura da 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Foto: Ricardo Stuckert / PR

“O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos”

Em sua momentosa fala na ONU, já aqui comentada em alguns aspectos significativos, o presidente Lula sustentou, de maneira enfática, que os Estados não podem se curvar “ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei.” Proclamando a urgência da regulamentação das redes sociais, salientou que “a liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras.” Acrescentou que a essência da soberania abrange o direito de legislar, julgar e fazer cumprir as regras dentro dos territórios nacionais, incluindo obviamente o ambiente digital.

Criticou veementemente o que chamou de “oligopólio do saber”, configurado na consolidação das assimetrias na área de inteligência artificial (IA). Justificou acertadamente a implementação de governança intergovernamental da inteligência artificial, explicando que o mundo observa, assustado, que os poderes inerentes a IA estão se concentrando nas mãos de pequeno número de pessoas e empresas, em alguns poucos países. Aduziu, sensatamente: “Interessa-nos uma inteligência artificial emancipadora, que também tenha a cara do Sul Global e que fortaleça a diversidade cultural. Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. E, sobretudo, que seja ferramenta para a paz, não para a guerra.”

Noutra vertente da manifestação, Lula declarou estarmos condenados à interdependência da mudança climática. Registrou que o planeta já não espera para cobrar da próxima geração. Disse: “O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chegam nunca.”

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O presidente ressaltou que a democracia não aceita a fome, a desigualdade, o desemprego e a violência. Anotou, a propósito: “No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento”.

Em trecho do discurso voltado para a questão das clamorosas desigualdades sociais e as dificuldades enfrentadas na conquista de patamares de crescimento econômico satisfatórios, Lula criticou a exorbitância dos juros cobrados, por órgãos financiadores internacionais das nações em desenvolvimento. Assegurou: “Sem maior participação dos países em desenvolvimento na direção do FMI e do Banco Mundial não haverá mudança efetiva.”

Chamou a atenção para um contraste assustador na esfera econômica. Enquanto 155 milhões de pessoas ao redor do mundo passam fome, as 150 maiores corporações obtiveram lucro de 1,8 trilhão de dólares e a fortuna dos 5 principais trilionários mais que dobrou. Arrematou: “A fome não é resultado apenas de fatores externos. Ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicá-la.” Uma fala, sem dúvida, lúcida e oportuna.

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