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O perigo de carro elétrico em garagem

Diretriz mostra que incêndios em um carro elétrico podem atingir temperaturas três vezes superior à capacidade de resistência estrutural das edificações brasileiras
O perigo de carro elétrico em garagem
Crédito: Reprodução Freepik

O Conselho Nacional de Comandantes-Gerais dos Corpos de Bombeiros Militares (CNCGBM) constatou que caso haja incêndio de carro elétrico em garagem coberta há o risco de causar o colapso das lajes e pilares do edifício, pois as estruturas são projetadas para suportar por até duas horas as chamas de 300ºC de incêndios comuns e não os 1000ºC dos incêndios das baterias de íon-lítio dos carros elétricos e híbridos, que perduram por longos períodos.

O CNCGBM – LIGABOM, publicou no dia 25/08/25 a Diretriz Nacional sobre Ocupações Destinadas a Garagens e Locais com Sistemas de Alimentação de Veículos Elétricos (Save).

A Diretriz confirmou as várias notícias e vídeos publicados que demonstram a enorme dificuldade de extinguir o incêndio de um carro elétrico que atinge temperaturas três vezes superior à capacidade de resistência estrutural das edificações no Brasil. Após a queda de estruturas em alguns países, a Ásia (inclusive a China) passou a proibir o carregamento em garagens subterrâneas.

Diante dessa realidade, inúmeros edifícios comerciais e residenciais tendem, justificadamente, a não aprovar a instalação de carregadores nas garagens cobertas por laje. Com o aumento do risco há também o agravamento das apólices de seguro. Existe, ainda, o temor de as companhias seguradoras se recusarem a pagar a indenização por esse tipo de incêndio diante da ausência de cobertura específica, o que pode acarretar em maior custo do prêmio.

A Diretriz contou com a participação de fabricantes de automóveis e especialistas em segurança, tendo como base experiências operacionais, estudos técnicos internacionais, análises periciais, ensaios experimentais e registros de ocorrências reais.

Conforme destaca a Diretriz Nacional, “o advento de veículos com novas matrizes energéticas, a exemplo dos movidos a Gás Natural Veicular (GNV), hidrogênio e eletricidade, bem como os veículos híbridos que conjugam diferentes fontes de propulsão, introduz cenários de riscos inéditos e específicos. A denominação “veículos modernos” abarca, portanto, essa pluralidade de tecnologias que, em sua essência, demandam uma reavaliação dos paradigmas de segurança contra incêndio, tornando as edificações preexistentes, concebidas sob uma ótica de risco superada, intrinsecamente, inadequadas para comportar esta nova realidade”.

Geralmente, o volume de água disponível nos prédios não é suficiente para conter o fogo, enquanto a fumaça tóxica liberada impede a entrada dos bombeiros na garagem. Muitas vezes a estratégia adotada é permitir que o fogo consuma o veículo, diante da inviabilidade de combatê-lo, especialmente dentro de garagem que não possibilita a entrada de caminhão-pipa.

Haverá muitos problemas nos condomínios diante dos alertas contidos na Diretriz, sendo que as outras questões são abordadas no nosso artigo “Carro Elétrico: os Problemas com o Seguro do Edifício e aumento dos riscos”, disponível no site.

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