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As políticas tarifárias dos Estados Unidos e as improbabilidades na macroeconomia

Há preocupação sobre os impactos inflacionários e a restrição do crescimento econômico
As políticas tarifárias dos Estados Unidos e as improbabilidades na macroeconomia
Foto: Reprodução Adobe Stock

O cenário econômico global está marcado por incertezas e volatilidade, impulsionadas pelas recentes políticas tarifárias dos Estados Unidos. As tarifas de 25% impostas pelo governo Trump ao México e ao Canadá, com a perspectiva de ampliação para outros setores e países, geram preocupação sobre os impactos inflacionários e a restrição do crescimento econômico.

Esses fatores resultaram na queda expressiva da confiança do consumidor, aumento das expectativas inflacionárias e um recorde histórico no déficit comercial. Além disso, a curva de juros reflete um ambiente de instabilidade, com os fed funds rates projetados para o final do ano caindo 0,3% bases points (bps), enquanto os vencimentos de 2 e 10 anos encerraram cerca de 25bps abaixo dos valores anteriores.

No Brasil, o cenário também é desafiador, apesar da demanda ainda se manter aquecida no curto prazo, sustentada pelo crédito resiliente e pelo aumento dos salários. A inflação segue elevada e disseminada, principalmente no setor de serviços. O mercado de ativos reflete essa instabilidade, com a combinação de incertezas fiscais, inflação persistente e expectativas desancoradas contribuindo para um ambiente de maior volatilidade.

A meta fiscal de 2024 foi cumprida, com um déficit de R$ 45,4 bilhões (0,4% do PIB), impulsionado pelo crescimento da arrecadação. Entretanto, a projeção para 2025 foi revisada para um déficit de R$ 75 bilhões (-0,6% do PIB), enquanto a dívida pública segue em trajetória ascendente, podendo atingir 80,3% do PIB neste ano e 83,4% em 2026. Os números reforçam a necessidade de reformas estruturais nas despesas primárias para garantir equilíbrio fiscal e sustentação da economia.

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Nesse contexto inflacionário desafiador, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano em janeiro e sinalizou um novo aumento de 100 pontos-base em março. A taxa terminal da Selic segue projetada em 15,25% ao ano, com previsão de novas elevações de 50 pontos-base em maio e junho, a depender da evolução da inflação e das expectativas macroeconômicas. No mercado financeiro, os principais índices registraram oscilações negativas.

Em relação ao desempenho da economia brasileira, o PIB cresceu 3,4% em 2024, totalizando R$ 11,7 trilhões. O crescimento foi impulsionado pelos setores de serviços (+3,7%) e indústria (+3,3%), enquanto a agropecuária teve retração de -3,2%. O consumo das famílias registrou avanço de 4,8%, reflexo dos programas de transferência de renda e da melhora do mercado de trabalho. No entanto, o último trimestre de 2024 apresentou um crescimento modesto de 0,2%, indicando um arrefecimento econômico alinhado às projeções para 2025, que apontam para um crescimento mais moderado de 1,5%, com previsão de 1,4% para 2026.

Para garantir um crescimento sustentável nos próximos anos, será essencial implementar reformas estruturais que elevem a produtividade e reduzam as incertezas fiscais, permitindo maior estabilidade macroeconômica e confiança dos investidores.

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