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Produtividade, talentos e reputação em jogo

Muitas empresas brasileiras ainda não iniciaram o processo de adaptação às exigências da nova NR-1
Produtividade, talentos e reputação em jogo
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Quatro meses após a entrada em vigor da nova NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), muitas empresas brasileiras ainda não iniciaram o processo de adaptação às suas exigências. A norma determina que todas as organizações, independentemente do porte ou setor, avaliem e façam a gestão dos riscos psicossociais no trabalho, incluindo estresse, burnout, assédio e sobrecarga.

Embora 2025 seja considerado um ano educativo, o prazo é curto: a partir de maio de 2026, a legislação será aplicada de forma rígida e empresas poderão ser penalizadas. Mas o ponto central é que esperar até lá pode ser um erro e uma estratégia cara. Os prejuízos já estão acontecendo agora.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, depressão e ansiedade retiram 12 bilhões de dias de trabalho por ano em todo o mundo, o que representa quase US$ 1 trilhão em perdas para a economia global. No Brasil, a realidade não é diferente: o adoecimento mental figura entre os principais motivos de afastamento, somando custos diretos para as empresas e para o sistema de saúde.

Além disso, os impactos invisíveis corroem silenciosamente a sustentabilidade dos negócios. Quase metade dos profissionais brasileiros já pediu demissão por falta de incentivo ao bem-estar, e 89% afirmam que só se candidatariam a vagas em empresas que priorizam saúde mental. Some-se a isso a alta rotatividade, que gera gastos equivalentes a até 20% do salário anual de cada colaborador substituído. Não por acaso, líderes de diferentes setores relatam dificuldade em atrair e reter talentos qualificados, especialmente em um mercado cada vez mais competitivo.

Ignorar esses sinais é comprometer o futuro. Empresas que não cuidam de seus colaboradores enfrentam não apenas queda de produtividade, mas também perda de reputação e de credibilidade junto a clientes e parceiros. É um efeito dominó: equipes desmotivadas entregam menos, a confiança interna se fragiliza e a imagem externa se deteriora.

Por outro lado, pesquisas recentes mostram que investir em bem-estar corporativo gera retorno real. Organizações que implementam programas estruturados relatam aumento de até 20% na produtividade e redução de até 19% no absenteísmo, além de ganhos significativos na retenção de talentos. Mais de 80% dos CEOs entrevistados em levantamentos internacionais já percebem ROI positivo em iniciativas de saúde mental e segurança psicológica.

É preciso, portanto, mudar o olhar sobre a NR-1. Não se trata apenas de evitar multas ou cumprir formalidades legais. Trata-se de uma oportunidade para repensar a cultura organizacional e adotar práticas que coloquem a saúde mental no centro da estratégia de negócios.

Como costumo dizer: cumprir a lei é fundamental, mas colocar as pessoas no centro é o que diferencia empresas que apenas sobrevivem daquelas que realmente prosperam.

Vale lembrar que no dia 25 de outubro de 2025, das 8h30 às 17 horas, estarei à frente do Congresso “Empresas que Cuidam, Culturas que Prosperam”, que será realizado no auditório da Associação Médica de Minas Gerais, na Av. João Pinheiro, 161, Centro, Belo Horizonte e reunirá especialistas para traduzir as exigências da NR-1 em estratégias que unem legalidade, liderança consciente e culturas empresariais mais humanas e produtivas. Inscrições pelo Sympla.

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