QMA: do esquecimento à maior premiação do mundo

Por muito tempo, o Queijo Minas Artesanal (QMA) foi visto como um produto rústico, limitado às feiras livres e ao universo rural. Para muitos, ele carregava o estigma da informalidade, de um saber tradicional deixado à margem da gastronomia “de prestígio”. Mas esse cenário mudou. Hoje, o QMA ganha espaço nas mesas mais exigentes do Brasil e do mundo e conquista prêmios em competições internacionais, elevando Minas à protagonista de uma verdadeira revolução agrícola e cultural.
A virada começou quando tradição e inovação passaram a caminhar juntas. Ações, articuladas pelo poder público estadual e municipal e por entidades como Emater-MG, Sebrae, Senac em Minas e associações de produtores, foram decisivas para a regulamentação, profissionalização e valorização do QMA. A criação do selo de origem, os cursos de boas práticas de produção, o incentivo à regularização sanitária e as políticas de valorização regional permitiram que o queijo artesanal saísse da invisibilidade para conquistar o planeta.
Em 2022, Minas alcançou um marco: produtores mineiros levaram medalhas de ouro, prata e bronze no Mondial du Fromage, a maior premiação de queijos do mundo, realizada na França, feito alcançado novamente em 2025. Mais que uma vitória simbólica, foi a consagração de um saber passado de geração em geração em nosso Estado. O reconhecimento global demonstrou que é possível respeitar a tradição sem renunciar à qualidade e à competitividade.
Esse sucesso se espalha pelas dez regiões oficialmente reconhecidas como produtoras do Queijo Minas Artesanal: Serro, Canastra, Salitre, Araxá, Campo das Vertentes, Cerrado, Sudoeste, Triângulo Mineiro, Serra do Ibitipoca e Entre Serras da Piedade ao Caraça. Essa diversidade regional imprime identidade própria ao queijo, com sabores, texturas e técnicas que refletem o terroir e a cultura local.
Para ser considerado um verdadeiro Queijo Minas Artesanal, é necessário obedecer aos critérios definidos pela Lei Estadual 14.185/2002. O QMA é feito, exclusivamente, com leite cru, fermento natural (pingo), coalho e sal, ingredientes que exigem habilidade e cuidado em sua manipulação. Essa receita básica, aliada ao tempo de maturação e às condições específicas de cada região, resulta em queijos com personalidade marcante e alta qualidade.
Essa trajetória de sucesso não se limita ao queijo. O QMA tornou-se vetor estratégico de desenvolvimento territorial. Ele impulsiona o turismo rural, o empreendedorismo familiar, atrai a atenção de chefs e formadores de opinião, e projeta Minas como referência em economia criativa baseada em identidade cultural.
O exemplo do Queijo Minas Artesanal ensina que nossas raízes não são obstáculos à inovação. Pelo contrário: podem ser o ponto de partida para novas formas de desenvolvimento, mais sustentáveis, autênticas e profundamente conectadas com quem somos.
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