Mobilidade, tecnologia e sustentabilidade: o novo conceito de morar bem

São Paulo e Nova York podem até ser as metrópoles-vitrine para oportunidades de emprego e novos negócios, mas seus habitantes não querem atravessá-las diariamente para trabalhar. Qualidade de vida se tornou sinônimo de morar perto do trabalho, a uma distância que permita, se possível, ir a pé ou de bicicleta e visitar outras regiões da cidade só quando necessário ou por diversão.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou o êxodo urbano no Censo de 2022, com uma inédita redução da população em nove capitais brasileiras, o que reforça esse comportamento. Salvador lidera o ranking, com 10% de moradores a menos, seguido de Natal (-7%), Belém (- 6%), Porto Alegre (-6%), Recife e Belo Horizonte (-3%), Rio Janeiro e Vitória (-2%) e Fortaleza (-1%).
Esse movimento reforça uma tendência que segue em alta para os próximos anos. As pessoas estão buscando mais praticidade no dia a dia e não querem mais enfrentar o trânsito dos centros urbanos. O walkability se traduz na ideia de acessar os principais serviços e realizar as atividades cotidianas dentro do próprio bairro, se possível. Ir à padaria, à farmácia, aos correios, fazer supermercado, levar o animal de estimação ao veterinário, ir a um restaurante quando não há tempo para cozinhar, por exemplo.
A criatividade e a tecnologia a serviço do desenvolvimento socioeconômico e seu impacto positivo na vida das pessoas estão reunidas nesse conceito. As cidades e as moradias estão entre as invenções humanas que mais influenciam nosso cotidiano e, por isso, estão em constante transformação. Com as novas tecnologias e conectividades, os centros urbanos tendem a se transformar em cidades inteligentes, onde o planejamento urbano esteja em prol do bem-estar, com energias limpas, o 5G e a internet das coisas (iOT) em pleno funcionamento e cidades caminháveis, que exijam menos mobilidade entre a casa e o trabalho.
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Outra forte tendência é a busca por qualidade de vida, aliada à preocupação socioambiental: bairros e cidades que sejam sustentáveis. Os empreendimentos mais valorizados são aqueles que dão acesso a serviços essenciais e que preservam a fauna local, utilizam materiais reciclados na construção, têm alamedas arborizadas, instalam iluminação em LED, reutilizam a água das chuvas, possuem bicicletário, usam pavimentação com um ótimo sistema de drenagem, fazem coleta seletiva do lixo.
As cidades já foram pensadas para caber os carros, que nada mais são que máquinas. Hoje sabemos que o ponto central de qualquer cidade deve ser a comunidade, as pessoas que vão morar ali. Isso é feito por meio da preservação ambiental e do fomento à economia local pela rede de comércio que se forma: o açougue, o hortifrúti, a papelaria e assim por diante.
Os novos empreendimentos já consideram essas tendências de consumo. As pessoas também não querem precisar sair de seus bairros ou cidades para ter contato com a natureza. As praças e parques verdes bem urbanizados são cada vez mais demandados. Isso quer dizer que além de lagos com deck, árvores que dão sombra e grama para se sentar e fazer piqueniques, os moradores esperam estruturas e facilidades próprias das cidades, como pistas para caminhada e acesso à internet Wi-Fi, sempre em busca de praticidade e bem-estar.

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