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RH além das planilhas

Avanços tecnolóicos permitem ao RH oferecer experiências personalizadas
RH além das planilhas
Crédito: Adobe Stock

O RH sempre foi reconhecido como uma “área estratégica” internamente nas empresas. Porém, convenhamos, na prática o departamento ficou durante décadas aprisionado a planilhas, burocracias organizacionais e processos que, muitas vezes, mais consumiam energia do que geravam impacto real. Atualmente essa realidade mudou ou, pelo menos, precisaria mudar.

O avanço tecnológico se consolidou nos últimos anos como o alicerce que permite ao RH abandonar o seu papel reativo e com excesso de demanda. Isso é descrito em pesquisas recentes como o Panorama da Saúde Organizacional do RH da Flash, que aponta que mais de 80% dos profissionais da área se sentem sobrecarregados e 65% enfrentam problemas de saúde mental. Sem a devida dominância de ferramentas inovadoras, o resultado é um departamento obsoleto e o risco de profissionais sucumbindo à crise de esgotamento que os assombra.

Sendo assim, a partir do momento em que automação assume tarefas operacionais de baixo valor, abre-se espaço para que o RH se atente àquilo que nem mesmo a mais avançada das máquinas consegue estruturar plenamente: a experiência humana. O trabalho deixa de ser meramente burocrático e redefine de forma essencialmente estratégica, tendo como foco desenhar jornadas, cultivar cultura e medir cada interação com a mesma lógica com que times de produto aprimoram a experiência do usuário.

Esse novo poder surge, no entanto, e exige uma influência que o RH sempre lutou para conquistar. A diferença agora é que hoje o gestor de pessoas fala numa linguagem que a alta liderança entende: a dos números. Tendo dados como sua principal arma, o RH moderno encerra de vez a era do “achismo”, deixando de lado percepções vagas, e abre caminho para um momento onde argumentos são baseados em estatísticas e realidade.

Em vez de dizer “o clima organizacional parece ruim”, o profissional hoje apresenta um case de negócios irrefutáveis. Conectar turnover a custos de reposição ou calcular o ROI de um programa de bem-estar, por exemplo, fazem parte de uma linguagem bem mais atrativa aos ouvidos da alta cúpula, que redefine o RH como parceiro de negócios, não apenas centro de custo. E tudo isso passa por ter a tecnologia como maior aliada.

A inovação permite ao RH oferecer experiências personalizadas, deixando para trás o modelo padronizado. Benefícios flexíveis, comunicação individualizada e trilhas alinhadas à atuação dos times mantêm o engajamento. O departamento atualmente precisa ser guardião contra vieses em algoritmos de recrutamento, protetor da privacidade garantida pela LGPD e defensor do direito à desconexão. Sem a responsabilidade por trás das ações, ao invés de libertar, a tecnologia só será a promotora de um novo tipo de estresse: o “tecnoestresse”.

Um RH moderno que ignore a tecnologia não tem tempo, energia, muito menos autoridade para cuidar da organização. A tão sonhada fluência digital não substitui pessoas, mas empodera nelas aspectos verdadeiramente insubstituíveis, como empatia, estratégia e cuidado.

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