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Saúde mental é tema para líderes

Saúde mental é tema para líderes
Crédito: Freepik

Empresas são um reflexo do seu tempo e do contexto em que estão inseridas. Assim como o mundo está sempre mudando, os negócios e a natureza do trabalho evoluem e criam desafios para cada geração de profissionais, em especial para as lideranças, que têm a missão de conduzir as empresas e inspirar as pessoas.

A saúde mental e o bem-estar no trabalho são alguns dos temas mais relevantes que a atual geração de líderes precisa compreender e aprender a lidar de forma cotidiana e propositiva. 

Em 25 anos no mundo corporativo tenho observado de perto, inclusive por experiência pessoal, a emergência de novas pressões sobre a rotina profissional. 

As perspectivas de estabilidade se esvaziaram. Além disso, trabalhar bem está cada vez menos ligado a apenas cumprir uma jornada definida [se eu estava presente, cumpri meu papel] ou a ser reconhecido pelo sacrifício individual [se me esforcei, devo ser recompensado]. 

Trabalhar tornou-se mais complexo, com a exigência de atualização constante e competências múltiplas que vão além da técnica e passam a incluir habilidades relacionais que mobilizam muito da nossa energia vital.  

Nesse cenário, os desgastes mental e emocional são certamente maiores. E ele se soma à vida acelerada que a maioria de nós leva, às vezes com pouca consciência dos riscos.  

Esses fatores combinados criam um senso de urgência para o tema saúde mental nas empresas. Esse é um desafio que pede abordagens individuais, soluções no âmbito da cultura e também políticas estruturadas por parte das organizações. 

No plano individual, acredito que o primeiro passo é reconhecer a importância do assunto. Além de ser o que todo ser humano merece, somente em ambientes seguros e saudáveis o potencial criativo e produtivo irá se desenvolver e se manifestar em sua plenitude. Minimizar o problema desestimula as pessoas a pedirem ajuda e atrasa a construção de soluções estruturantes. 

A responsabilidade com o autocuidado é outro passo necessário. E aqui é preciso repetir o óbvio: cuidar do sono, da alimentação e realizar uma atividade física regular vão fazer toda a diferença. Corpo e mente caminham juntos quando o assunto é a saúde integral de cada um de nós.

Na cultura, os valores declarados e o exemplo praticado pelas lideranças devem dar o tom do tipo de ambiente que a organização quer construir. Lembrando que o não dito [mas que é sentido] vale tanto ou mais do que é formalmente comunicado. 

Pela minha experiência como gestor, um forte indicativo da qualidade do ambiente é a forma de tratamento entre as pessoas, principalmente entre profissionais que atuam em níveis diferentes da organização. 

A existência de privilégios hierárquicos e de símbolos de poder na empresa são evidências de culturas que segregam mais do que incluem. Minha aposta é que práticas desse tipo, naturalizadas em algumas organizações, serão impensáveis em 20 ou 30 anos. 

Completam este ciclo propositivo a definição de compromissos públicos que podem ser monitorados, a criação e comunicação de políticas claras e fluxos de fácil acesso para as pessoas, somados a espaços de acolhimento preparados para atender quem  precisa de suporte. 

Pode parecer difícil ou muito trabalho, mas confie: não há nada melhor para a satisfação e desempenho das pessoas que se sentirem seguras e ao mesmo tempo encorajadas em seus espaços de trabalho. Ganham as equipes, ganham os líderes, ganham as empresas.

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