Sustentabilidade mental, a nova commodity das empresas

Os cuidados com a saúde mental nas empresas é tema de destaque durante o mês de abril, afinal, as campanhas de conscientização destacam a importância de promover o bem-estar individual e dos cuidados para criação de uma atmosfera de trabalho saudável e sustentável para os trabalhadores. A produtividade e o sucesso corporativo estão diretamente ligados à sustentabilidade mental dos colaboradores.
Nos últimos anos, a quantidade de profissionais afastados do trabalho, devido à condição da saúde mental, cresceu. Os dados do Ministério da Previdência Social, de 2022 para 2023, apontou um aumento de 38%, passando de 209.124 mil benefícios para 288.865.
A verdade é que essas informações não são surpreendentes, destacando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o Brasil o país mais ansioso do mundo, com aproximadamente 9,3% da população sofrendo desse mal. Os brasileiros também seriam os mais depressivos na América Latina, correspondendo a mais de 11 milhões.
O crescimento é tão notável que o Ministério da Saúde anunciou uma atualização na lista de doenças ocupacionais, ou seja, relacionadas ao trabalho. Mais de 165 patologias foram adicionadas, incluindo a ansiedade, depressão e a síndrome de burnout, todas, ligadas ao aspecto psicológico.
Assim, os acometidos pelo problema passaram a possuir uma série de direitos, previstos no sistema legal brasileiro. Alguns deles são o acesso a tratamento médico e até indenizações aplicadas pelo judiciário, no campo moral e material porque o esgotamento mental pode acabar de maneira definitiva com a carreira profissional, ou reduzindo a capacidade laborativo de forma substancial; impedindo de se retomar as atividades, devido ao sofrimento e perdas que esses quadros provocam.
Muitos dos desligamentos decorrem dos próprios funcionários, que possuem mais do que nunca, a consciência da necessidade de preservarem a si mesmos e a sua saúde, blindando seu psiquismo, para terem condições de continuarem atuando em suas respectivas áreas, porém, em novas oportunidades. Então, quando percebem que a empresa não investe na preservação da felicidade corporativa, não tem interesse de escutar o colaborador e, sobretudo, não detém política transparente de cuidados de maneira geral, principalmente com a saúde mental, preferem abandoná-la.
A produtividade está diretamente ligada ao alinhamento mental e à qualidade do ambiente laboral, refletindo no bem-estar individual e coletivo, contaminando todos com desesperança, baixa autoestima e insegurança. Por isso, quando a paz, gestão humanizada, sistema de avaliação e feedbacks saudáveis, direito ao descanso e a valorização dos funcionários acontece, tudo parece funcionar melhor, elevando os resultados e, consequentemente, a lucratividade.
As empresas estão cientes do problema e, cada vez mais, têm investido em seu capital humano com práticas consistentes, ligadas à preservação da saúde de seus colaboradores, deixando para trás a desatenção, coisificação da mão de obra e a exploração psicológica. As ações envolvem treinamentos, palestras, oficinas e atividades para reduzir o estresse e a gerenciar melhor o desequilíbrio emocional.
As medidas também evitam a saída de funcionários para outras empresas, gerando enorme rotatividade, perda de grandes talentos, informações e custos, além de atrasos na entrega de projetos pela falta de pessoas para dar continuidade aos planejamentos
Uma atmosfera de trabalho mais saudável e produtiva é o melhor meio para conter os afastamentos e aposentadorias precoces. A adoção de práticas sustentáveis para restringir a doença mental é um dos maiores ganhos para as empresas. A expectativa é que abril seja uma oportunidade para reverberação dessa consciência, porque a mente é sempre a maior commodity dos trabalhadores.
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