O tarifaço de Trump e a busca de novos mercados

A recente decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de impor um novo tarifaço sobre produtos importados reacendeu a preocupação do Brasil com a dependência do mercado norte-americano. O episódio evidencia três lições fundamentais: depender de poucos parceiros deixa a economia vulnerável, ampliar mercados é uma forma de reduzir riscos e, mais do que nunca, internacionalizar com estratégia tornou-se essencial para garantir crescimento sustentável.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), em 2024 os EUA representaram cerca de 11% das exportações brasileiras, ocupando a segunda posição no ranking, atrás apenas da China, que responde por 30% do total exportado. Essa concentração em dois grandes parceiros deixa o Brasil exposto a oscilações políticas e econômicas que escapam do controle interno.
O País precisa acelerar sua estratégia de inserção em novos mercados, sobretudo em regiões como Sudeste Asiático, Oriente Médio e África, que apresentam forte crescimento de demanda.
A volatilidade nas relações com Washington não é novidade. Durante o governo Trump, em 2019, o Brasil chegou a ser ameaçado com tarifas sobre o aço e o alumínio, produtos que somam mais de US$ 2 bilhões anuais em exportações. Agora, a nova rodada de sobretaxas volta a mostrar que depender de um único parceiro comercial pode comprometer cadeias produtivas inteiras. É nesse ponto que a internacionalização estratégica deixa de ser opção e se transforma em pilar para a resiliência econômica.
Em um cenário global marcado por disputas geopolíticas e guerras comerciais, a diversificação de mercados deixa de ser apenas uma estratégia de expansão: torna-se uma necessidade de sobrevivência econômica.
Para avançar nesse caminho, o Brasil pode apostar na modernização de sua diplomacia comercial. Esse movimento não apenas amplia a visibilidade dos produtos brasileiros, mas também facilita o acesso a mercados ainda pouco explorados, reduzindo barreiras culturais e regulatórias.
O tarifaço de Trump deixa três lições claras para o Brasil: primeiro, que depender de poucos parceiros comerciais aumenta a vulnerabilidade diante de mudanças políticas e econômicas repentinas; segundo, que diversificar mercados é também diversificar riscos, garantindo maior resiliência em crises globais; e terceiro, que internacionalizar com estratégia, qualidade e inovação não é apenas uma opção de crescimento, mas uma condição essencial para proteger a economia e consolidar o país como um player global de longo prazo.
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