Trabalho remoto e híbrido e a cibersegurança

O avanço do trabalho remoto e híbrido, impulsionado pela pandemia e consolidado como uma tendência irreversível, trouxe um paradoxo preocupante: ao mesmo tempo em que ampliou a flexibilidade das relações laborais, aumentou significativamente os riscos à segurança digital das empresas. Neste Dia do Trabalho, é fundamental refletir sobre como as conquistas dos colaboradores também precisam ser acompanhadas de uma nova consciência sobre cibersegurança. Afinal, projeções internacionais indicam que os crimes cibernéticos devem gerar um prejuízo global de US$ 10,5 trilhões até o final deste ano, um cenário agravado pela adoção crescente de modelos de trabalho fora do ambiente corporativo tradicional.
A transição abrupta para o home office expôs vulnerabilidades estruturais graves. Na América Latina, os ataques a servidores de acesso remoto cresceram mais de 700%, enquanto a maioria dos profissionais de TI brasileiros reconhece que o modelo híbrido elevou as vulnerabilidades a ataques. A falta de protocolos de segurança básicos, como criptografia de redes e autenticação multifatorial, somada à adoção improvisada de tecnologias remotas, tem provocado milhões de incidentes globais. Além disso, a ausência de treinamento para funcionários que trabalham de casa resultou em um aumento significativo de ataques de phishing, e a expansão da chamada superfície de ataque, com invasões a dispositivos domésticos conectados às redes corporativas, tornando as empresas ainda mais suscetíveis a sequestros de dados e ataques de ransomware.
Diante desse cenário, é um erro estratégico tratar a cibersegurança como responsabilidade exclusiva do setor de TI. É preciso adotar uma arquitetura de segurança baseada em verificação contínua de identidades e dispositivos, mesmo dentro da rede corporativa, o que pode reduzir as violações por credenciais comprometidas. A automação utilizando inteligência artificial para detecção precoce de anomalias nos fluxos de dados também se mostra essencial para acelerar a resposta a incidentes. Paralelamente, a criação de uma cultura de segurança, com treinamentos regulares e políticas claras de uso de dispositivos pessoais, é fundamental para reduzir comportamentos de risco entre os colaboradores.
Neste Dia do Trabalho, ao celebrarmos direitos e avanços históricos, é imprescindível reconhecer que a proteção digital tornou-se um novo pilar da dignidade no ambiente laboral moderno. Mas a responsabilidade pela segurança digital deve ser compartilhada entre empregadores e empregados. Dessa forma, a segurança cibernética não deve ser vista como um custo adicional, mas sim como uma condição essencial para que as inovações no modelo de trabalho não se transformem em ameaças à integridade das empresas e à privacidade dos colaboradores. A verdadeira revolução do trabalho híbrido só será sustentável se vier acompanhada de uma revolução igualmente profunda nas práticas de segurança digital.
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