Como a turbulência global afeta o mercado de fusões e aquisições

O mercado de fusões e aquisições (M&A) enfrenta uma encruzilhada, pressionado por três fatores interligados: juros altos, inflação global e o retorno de políticas protecionistas, como as tarifas defendidas por Donald Trump. Esse cenário impõe cautela e reavaliação estratégica a empresas e investidores. É hora de observar e esperar.

A elevação dos juros por bancos centrais para conter a inflação impacta o custo do capital e a viabilidade de muitas transações. Com o crédito mais caro, grandes aquisições se tornam onerosas, exigindo uma análise mais rigorosa do retorno sobre o investimento.

Simultaneamente, a inflação corrói margens de lucro e dificulta a avaliação de ativos, afastando compradores e vendedores. A volatilidade leva à adoção de cláusulas mais sofisticadas, como ajustes de preço pós-fechamento (earn-outs) e gatilhos atrelados a indicadores econômicos.

A possível retomada de tarifas mais agressivas adiciona complexidade, especialmente em operações envolvendo cadeias de suprimento globais. A incerteza sobre custos de importação e exportação pode frear estratégias de internacionalização por meio de aquisições ou reavaliar ativos em setores afetados.
Nesse ambiente, seletividade e due diligence reforçada tornam-se imperativos. A análise de sensibilidade a variáveis como câmbio e inflação ganha destaque, com foco crescente em mitigar riscos financeiros, operacionais e regulatórios.

Outro ponto central é a busca por sinergias reais e valor estratégico nas operações, tendência que deve marcar 2025. Transações com sinergias claras de custos e receitas e alinhadas ao reposicionamento estratégico das empresas tendem a ser mais resilientes. A lógica puramente financeira cede espaço a movimentos de consolidação e fortalecimento de portfólios.

Nesse contexto, ganha relevância a estruturação contratual inteligente. A atuação jurídica torna-se ainda mais crucial, com cláusulas que protejam contra a volatilidade econômica, como ajustes por inflação ou câmbio, além de condições precedentes mais robustas. A análise de riscos regulatórios e de comércio internacional também se intensifica.

Empresas que ainda consideram operações de M&A neste cenário devem alinhar a transação aos objetivos estratégicos de longo prazo, avaliando riscos e oportunidades do ambiente global. É essencial investir em uma due diligence completa, que vá além de aspectos financeiros e legais, incluindo impactos macroeconômicos e tarifários.

Nesse contexto, a assessoria jurídica e financeira especializada é condição indispensável para estruturar transações complexas e negociar cláusulas que protejam os interesses das partes. Além disso, negócios dessa natureza exigem comunicação clara e transparente, construindo confiança e alinhando expectativas diante dos riscos envolvidos.

Apesar das turbulências, o mercado de M&A segue como motor de crescimento e reestruturação empresarial. O sucesso dependerá da capacidade de adaptação estratégica, análise criteriosa e estruturação inteligente das transações. A expertise jurídica, atenta às nuances do ambiente global, é peça-chave para mitigar riscos e viabilizar negócios bem-sucedidos.