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Uso de combustíveis renováveis na mobilidade sustentável

Avanços científicos têm ajudado a redeser o papel dos resíduos urbanos na matriz energética
Uso de combustíveis renováveis na mobilidade sustentável
Crédito: Reprodução Adobe Stock

A transformação da mobilidade urbana passa, cada vez mais, pelo uso de fontes de energia limpas. No Brasil e em outros países, combustíveis renováveis como etanol, biometano e biocombustíveis avançados estão deixando de ser alternativas teóricas e se consolidando como ferramentas reais para enfrentar o desafio climático no setor de transportes.

Nos últimos anos, a frota de veículos eletrificados no Brasil tem crescido em ritmo acelerado. Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), mais de 170 mil veículos híbridos e elétricos foram emplacados em 2024. Esse aumento se deve, em grande parte, ao fortalecimento de políticas de incentivo, à expansão da infraestrutura de recarga e à mudança de comportamento do consumidor, cada vez mais consciente do impacto ambiental de suas escolhas. Mesmo com o ritmo acelerado da eletrificação, os veículos a combustão seguirão no mercado por muitos anos e, por isso, os combustíveis renováveis são tão relevantes.

Avanços científicos também estão redesenhando o papel dos resíduos urbanos na matriz energética. Pesquisadores da Universidade de Sevilha, na Espanha, anunciaram recentemente o desenvolvimento de um processo catalítico que converte lixo urbano em combustíveis sustentáveis, como bioquerosene e biocombustíveis marítimos. Essa tecnologia, ainda em fase de desenvolvimento, reforça a viabilidade de um futuro onde mobilidade e economia circular caminham juntas.

No Brasil, o marco legal para combustíveis sustentáveis foi fortalecido com a promulgação da Lei nº 14.993/2024, que estabelece diretrizes claras para a ampliação do uso de combustíveis renováveis, como o diesel verde, o biometano e o SAF (Sustainable Aviation Fuel). A nova lei também fortalece o programa RenovaBio e propõe metas progressivas de descarbonização no transporte, alinhadas aos compromissos climáticos internacionais assumidos pelo país.

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Segundo estimativas do Ministério de Minas e Energia, os programas associados à nova lei podem atrair até R$ 260 bilhões em investimentos até 2037, transformando o Brasil em uma referência global na produção e uso de biocombustíveis.

Embora os avanços sejam animadores, a transição energética no setor de transportes ainda enfrenta obstáculos importantes. A expansão da infraestrutura de distribuição de combustíveis renováveis, o custo inicial de adoção de novas tecnologias e a necessidade de capacitação técnica ainda são entraves relevantes. Além disso, políticas públicas regionais precisam ser mais integradas para que os benefícios da mobilidade limpa cheguem a todo o território nacional.

Vale reforçar que o Brasil reúne condições únicas para liderar a transição energética no transporte: uma matriz elétrica majoritariamente renovável, uma indústria bioenergética robusta e crescente demanda por soluções sustentáveis. A consolidação dos combustíveis renováveis como parte da mobilidade urbana e logística de baixo carbono não apenas ajuda a mitigar emissões, mas também impulsiona inovação, geração de empregos e desenvolvimento econômico verde.

Por fim, se o ritmo atual for mantido e os desafios forem enfrentados com estratégia e colaboração entre os setores público e privado, a mobilidade sustentável pode deixar de ser um objetivo distante e se tornar um novo padrão no país.

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