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Venture builders na construção de legaltechs: modelo para inovar no Direito

Além de financiamento, sua atuação envolve acompanhamento estratégico, estruturação jurídica, tecnológica e de produto e apoio ao acesso ao mercado
Venture builders na construção de legaltechs: modelo para inovar no Direito
Foto: Reprodução Freepik

A transformação digital do sistema de Justiça brasileiro e o trabalho dos Advogados têm avançado em um ritmo cada vez mais acelerado, impulsionada tanto por necessidades estruturais quanto por marcos regulatórios recentes, como o Marco Legal das Startups (Lei Complementar nº 182/2021) e, em debate mais recente, o Projeto de Lei nº 2.338/2023, que propõe o Marco Legal da Inteligência Artificial no Brasil.

Nesse ambiente em constante reconfiguração, um modelo que vem se consolidando como relevante agente de fomento à inovação no Direito é o das venture builders especializadas, cuja atuação vai além do financiamento: envolve acompanhamento estratégico, estruturação jurídica, tecnológica e de produto, bem como apoio ao acesso ao mercado.

Venture builders são organizações que atuam como cofundadoras de startups, promovendo sua construção a partir de uma base compartilhada de recursos e conhecimento. No setor jurídico, esse modelo tem ganhado força diante da crescente demanda por soluções que combinem conformidade regulatória, automação de fluxos e acessibilidade jurídica.

Na prática, o suporte fornecido por uma venture builder jurídica abrange: governança, compliance e segurança regulatória, fundamentais em ambientes sujeitos a regras específicas como LGPD, CNJ e regulação de dados sensíveis; tecnologia aplicada ao Direito, com destaque para inteligência artificial, automações e integrações com sistemas públicos; fundraising com foco em legaltechs, garantindo alinhamento entre modelo de negócio e perfil de investidor; desenvolvimento de produto com orientação a dados, escalabilidade e integração com IA desde o design; ecossistema global e validação com o mercado, articulando canais de distribuição, parcerias institucionais e internacionalização.

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O uso da inteligência artificial em legaltechs brasileiras já é uma realidade concreta e crescente. Startups acompanhadas por venture builders como a Aleve LegalTech Ventures, que atrai LegalTechs, startups com tese em inovação e em tecnologia apenas para a área do Direito, já adotam modelos de IA generativa, machine learning e automação preditiva para resolver problemas reais no setor. Entre os exemplos estão a Cria.AI, de automação de documentos e atendimento jurídico por IA generativa; a Dynadok, de gestão documental com reconhecimento inteligente de texto, integrando IA para análise e classificação; e a GRTS Digital, de entrega transformação digital para gestão trabalhista e sindical dos negócios, aplicando a única inteligência artificial especialista na Gestão RTS do Brasil.

O mercado global de legaltechs deve atingir US$ 45 bilhões até 2030, segundo dados da Vantage Market Research (2024). No Brasil, um levantamento da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L) aponta que o número de startups jurídicas cresceu mais de 300% entre 2018 e 2024, com destaque para soluções baseadas em IA, blockchain e jurimetria.

A experiência de venture builders no setor jurídico indica que inovação, quando estruturada com estratégia, tecnologia e compliance, é não apenas possível — é escalável. O modelo contribui para o fortalecimento de um mercado ainda incipiente, mas com potencial exponencial de impacto em acesso à justiça, eficiência institucional e democratização dos serviços jurídicos.

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