“As pinturas do Além” (I)

“O fenômeno extrapola os limites do entendimento convencional”. (Antônio Luiz da Costa, educador)
“As pinturas do Além” constituem um dos mais instigantes fenômenos nos vastos e fascinantes domínios das chamadas “energias sutis”, repletas de inexplicabilidades. O que se é dado a contemplar, a plateias sempre embevecidas, nesse gênero de manifestação, não é nada daquilo que, desavisadamente, com desconhecimento de causa, agarrados a dogmáticos alguns viventes assinalam, vez por outra, não passar de mera demonstração de habilidade artística e disciplina técnica. O operador, ou operadores do fato são, na pura verdade, pessoas providas de capacidade extrassensorial. Noutras palavras: pessoas reconhecidas, à luz da Parapsicologia, como sensitivas, em condições de perceber, em circunstâncias especiais, situações fora do alcance dos sentidos humanos.
Testemunhei, numerosas ocasiões a prodigiosa história das pinturas. Tomo a liberdade de explicar, para quem nunca tenha se deparado com o fenômeno, como as coisas, a grosso modo, se desenrolam. O sensitivo entra em transe, como se diz. Seu semblante e tom de voz ficam alterados. A gesticulação é abundante e a movimentação corporal intensa. Diante dele, numa mesa extensa, são espalhados tecidos, cartolina, livros para que nessas peças todas possam ser gravadas imagens variadas com profusão de cores. São colocados ao seu dispor pincéis, paletas, potes de tinta, lápis. Ora com as mãos, ora com pincéis (às vezes até pendurados na boca), o operador se joga, freneticamente, na inacreditável lida de compor retratos, paisagens ou qualquer outro elemento suscetível de despertar atenção de cultores da pintura. Os desenhos ganham forma em segundos, em curtos minutos, um atrás do outro, cada qual com identificação do estilo inconfundível dos artistas que os assinam. Numa apresentação nos moldes descritos podem ser produzidos, no espaço de uma hora, por exemplo, várias dezenas de trabalhos, no melhor padrão artístico. As assinaturas das peças são figuras legendárias na crônica das artes plásticas. Importa mencionar, que a produção não é sequencial por autor. O sensitivo consegue, para exemplificar, traçar com a mão esquerda um rosto atribuído, digamos, a Van Gogh, e ao mesmo tempo, com a mão direita, num átimo de tempo, configurar um objeto atribuído, digamos, a Cândido Portinari.
Permito-me aqui relatar alguns episódios, compondo um capítulo novo às narrativas feitas sobre acontecimentos registrados nessa área da temática transcendente também denominada por Realismo Fantástico.
A dileta amiga Marilusa Vasconcelos é psicóloga, escritora, professora, artista plástica, ilustradora. Destaca-se no grupo dos sensitivos. Os dons evidenciados na “pintura mediúnica” deram-lhe renome internacional. É detentora de sólida bagagem cultural, aguda sensibilidade e inteligência. Eu já sabia de seus predicados, por informação de meu saudoso irmão. Mas só vim a conhecê-la pessoalmente após a partida de Augusto Cesar. Aconteceu numa apresentação, com fito beneficente, público numeroso no Teatro do Sesiminas, instituição da qual, na época, eu era diretor superintendente. Num dado momento, deixei a poltrona na plateia para acompanhar no palco o trabalho. Tive, de repente, a impressão de que o rosto estampado numa tela era de minha filha, Claudia. Fiquei tentado em ir ao seu encontro, por sabê-la presente ao evento, para relatar-lhe o fato, mas me contive, atribuindo tudo a excesso de imaginação. Momentos mais tarde, antes do leilão dos quadros, Marilusa perguntou se uma moça chamada Maria Claudia Vanucci se encontrava no local e chamou-a para entregar um retrato seu que acabara de ser elaborado por Renoir, que “privara de sua amizade numa outra etapa existencial”. O quadro era exatamente aquele que chamara de modo absorvente minha atenção. Logo depois ocorreu um outro lance espantoso. Depois em conto.
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