Atenção às transformações na educação

Cristiane Serpa*
A educação é capaz de mudar a vida das pessoas e da sociedade como um todo e a cada dia devemos nos relembrar desse enorme potencial, seja na construção de habilidades humanas, sociais e também produtivas. Isso é evidente em todos os setores econômicos. O segmento do comércio de bens, serviços e turismo, maiores responsáveis pelo crescimento das vagas formais de emprego no Brasil, segundo o Caged, lida diretamente com o desenvolvimento humano e a formação de novos hábitos de consumo, que afetam tanto o consumidor quanto os negócios. Essas mudanças passam diretamente pela formação escolar em seus diversos níveis.
Estamos, porém, em um momento de incerteza e insegurança. As ocorrências recentes de violência contra as escolas, alunos e professores são ameaças à educação e ressaltam a importância do desenvolvimento de habilidades socioemocionais, competências psicossociais e pedagógicas que incluam todo o ambiente escolar, alcançando também o seu entorno. Os ambientes educacionais devem ser espaços para potencialização de talentos e do bem-estar, bem como da promoção de uma cidadania ativa, com as ferramentas necessárias para atuação comunitária e em decisões políticas e sociais.
Somada a isso, a pandemia que vivemos e estamos superando ainda tem efeitos significativos sobre a formatação de ambientes escolares. Implantados em regime de urgência em larga escala, os modelos híbridos e a distância se consolidaram e são mais que complementos para o modelo tradicional presencial. Independentemente da plataforma, sala de aula ou ambiente virtual, a educação deve ter como ponto principal a autonomia dos estudantes. É necessário que as pessoas entendam e possam ter liberdade para traçar trajetórias que façam sentido para seu desenvolvimento humano e profissional.
Na educação profissional, as microcertificações dão ao estudante essa perspectiva, sobretudo em cursos técnicos e de formação inicial e continuada, a qualificação profissional. Contudo, no Brasil, apenas 11,1% dos estudantes do ensino médio também estão matriculados em cursos profissionalizantes. Há enorme espaço para avanço da educação na inserção dos brasileiros no mercado de trabalho e no incremento da produtividade e inovação.
A população deve ter acesso a iniciativas que ofertem esse tipo de oportunidade. No Senac, o Programa Senac de Gratuidade é responsável pela maioria das matrículas da instituição, que tem 40 unidades educacionais espalhadas pelo estado de Minas Gerais, levando gratuitamente cursos livres e técnicos à população de baixa renda. E ainda em 2023, o novo projeto para gratuidade, o Senac+, chega com o objetivo de ser uma resposta direta às demandas e às dores relacionadas à qualificação de trabalhadores e empreendedores. Por meio desse novo programa, as empresas e associações poderão inscrever os trabalhadores interessados na capacitação, atendendo às demandas de mão de obra e permitindo que mais pessoas tenham acesso a um ensino de qualidade e oportunidades de emprego e renda.
As redes federal, estaduais, distrital e municipais de educação profissional e tecnológica e os demais Serviços Nacionais de Aprendizagem são opções de acesso.
Por fim, é essencial que a oferta de educação esteja conectada com a transformação da sociedade e das profissões. Segundo pesquisa do Itaú Educação e Trabalho, 58,8% das entidades que atuam na inclusão produtiva de jovens acreditam que os cursos disponíveis não estão sintonizados com as vagas de trabalho existentes. Vivemos o crescimento da economia do cuidado com o envelhecimento da população e a necessidade de serviços especializados para a maturidade, além das novas carências das crianças e da juventude.
Em Minas Gerais, a vocação já existente para acolhimento e hospitalidade tem se intensificado e promete ser maior do que no período pré-pandemia, em um cenário em que as pessoas cada vez mais focam o seu próprio destino ao procurar viagens e experiências.
Abarcar esse futuro é possível por meio das diferentes carreiras formativas, como as que o Senac desenvolve, focando a gratuidade para permitir que as pessoas tenham acesso ao mercado de trabalho e se desenvolvam a partir das demandas das diferentes cidades do estado de Minas. Percursos que vão desde a formação inicial a universidades corporativas, que ofertam MBAs direcionados para o desenvolvimento do comércio de bens, serviços e turismo, aliados a competências que serão cada vez mais necessárias na nossa sociedade, como inovação e criatividade.
*Diretora Regional Interina do Senac em Minas
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