Black Friday consolida e-commerce em Minas
Fernando Passalio e João Paulo Braga*
A Black Friday, programada para a última sexta-feira de novembro, terá em 2020 a edição mais digital de todos os tempos. Segundo levantamentos da empresa de consultoria Nielsen, o e-commerce no Brasil cresceu 47% no primeiro semestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado. E a expectativa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) é que haja um crescimento ainda maior nas vendas on-line, em torno de 77%, entre os dias 26 de novembro e 1º de dezembro.
Não há dúvidas de que o isolamento social provocado pela pandemia é um dos fatores que explicam a ascensão das vendas virtuais em relação a 2019. Mas não é o único. A opção crescente dos consumidores pelo comércio virtual vem sendo notada em escala ascendente.
Com a pandemia, as plataformas digitais passaram a representar 78% do varejo em comércio eletrônico no Brasil, tendo o marketplace (shopping virtual) um crescimento de 56% na mesma base de comparação.
Todos esses indicadores deixam clara a existência de oportunidades de negócios. E Minas Gerais vem acompanhando essa transformação do mercado, aproveitando esses ganchos para estimular ainda mais a economia estadual, com resultados que já podem ser mensurados.
Ao longo do tempo, o território mineiro recebeu unidades de grandes players do e-commerce global. Atualmente, entre as gigantes com maior faturamento no Estado, estão a Magazine Luiza, a Dafiti, a Netshoes, a Via Varejo e a Privalia.
A Dafiti, por exemplo, um dos maiores grupos de e-commerce de moda da América Latina, com unidade em Extrema, no Sul de Minas, está crescendo impulsionada por este contexto. O grupo, com operações também na Argentina, Chile e Colômbia, cresceu 52% no 3º trimestre deste ano e se firma como maior player de moda no Brasil. O período também contabilizou um aumento expressivo (30,7%) da base ativa de clientes da companhia, chegando a 6,7 milhões, considerando todos os países de atuação do e-commerce.
Entre as conquistas recentes de Minas Gerais, é possível citar dois grandes exemplos. Gigantes multinacionais escolheram diferentes localidades para implantação de megaoperações. É o caso da norte-americana Amazon, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e da argentina Mercado Livre, em Extrema. Somente elas vão gerar nos próximos meses pelo menos 1,8 mil postos de trabalho, além de incrementar a arrecadação em diferentes esferas.
A escolha pelo território mineiro não é obra do acaso. Uma combinação de fatores explica o sucesso de Minas em atrair investimentos desse segmento. O primeiro fator é certamente a localização do Estado. Em um setor onde os prazos de entrega são cada vez mais importantes, estar em Minas, o Estado logístico do Brasil, significa encurtar a distância entre o estoque e o cliente.
Além disso, o Estado está avançando em um amplo processo de desburocratização e melhoria do ambiente de negócios na esfera do Programa Minas Livre Para Crescer. Soma-se a isso, uma robusta e inteligente política de atração investimentos, executada pelo Indi, estruturada em torno da interpretação dos movimentos de mercado.
Tudo isso só faz sentido e se torna relevante se observarmos a face humana do desenvolvimento econômico. A presença dos grandes operadores do e-commerce em Minas representa oportunidade de trabalho para milhares de mineiros, auxiliando diretamente no processo de retomada econômica. Além disso, cada vez mais, a possibilidade de vender pelas plataformas de marketplace é alternativa viável para incrementar as vendas e resultados de lojistas, especialmente os pequenos negócios tão afetados durante a pandemia.
*Secretario Adjunto de Desenvolvimento Econômico [email protected] / Diretor de Atração de Investimentos da Agência de Promoção de Investimentos de MG (Indi) [email protected]
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