Cenários da cafeicultura nacional

A cultura do café chegou ao Brasil em 1727, vindo da Guiana Francesa, e continua indissociável dos cenários históricos, econômicos, sociais, culturais e políticos da vida brasileira há quase 300 anos. Continua sendo um processo sinérgico de demandas, ofertas e adoção de tecnologias geradas pela pesquisa à gestão eficiente da produção, produtividade, qualidade e sustentabilidade dos recursos naturais.
Sem essas e outras “memórias do tempo,” oucenários, não seria possível registrar e mensurar seus avanços, retrocessos, conquistas e oportunidades. O estado do Paraná já foi o maior produtor brasileiro de café.
Minas Gerais lidera a produção de café, e o Brasil é o maior produtor e exportador mundial, com suas modalidades de usos, preparos, sabores, costumes, atravessando séculos e agregando bilhões de consumidores nos continentes da Terra; de cada 3 xícaras consumidas no mundo, três são brasileiras (OIC).
De acordo com dados do último Censo Agropecuário do IBGE (2017), existem mais de 264,4 mil estabelecimentos agrícolas de café no Brasil, dos quais 72% de pequeno porte (menos de 20 hectares), 23% de porte intermediário (de 20 a menos de 100 hectares), sendo 5% de grandes estabelecimentos (mais de 100 hectares). A produção nacional está concentrada nas propriedades com áreas acima de 100 hectares. Num cenário de 149 países importadores, destacam-se os cinco primeiros lugares; EUA (19,1%); Alemanha (16,8%); Bélgica (7,8%); Itália (7,5%); e Japão (7,8%). O Brasil é o principal produtor (37%) e exportador de café do mundo (29%), considerando a média do período 2018-2019 a 2021-2022, segundo dados do Usda/Fiesp.
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Minas Gerais é o maior produtor e exportador de café; entre 2012 e 2021 exportou US$ 36,3 bilhões (Seapa). De acordo com estimativas da Emater-MG, 461 municípios mineiros são produtores de café envolvendo 122,2 mil agricultores familiares (88,3%) e 14,4 mil não familiares ou 136,5 mil cafeicultores; liderança!
O consumo aparente estimado de café no Brasil avançou 13% entre a média de 2008-2011 e 2018-2021, de 13 milhões de sacas de 60 kg para 21,2 milhões de sacas e nesse período houve um crescimento da população brasileira de 9,8%, portanto, o consumo de produtos de café cresceu acima da elevação da taxa da população do País. O consumo permaneceu estável, em torno de 6,0 kg por habitante no período.
E mais, o café é o item com maior frequência de consumo no País, com 78,1%, seguido por arroz (76,1%); feijão (60%); pão de sal (50,9%); e óleos e gorduras (46,8%).
Além disso, em termos relativos, na última década (2011-2020), a produtividade real da indústria de café aumentou 85%, enquanto a da indústria de produtos alimentícios cresceu, em média, 34% e da indústria de transformação, 18%. Das 1.050 indústrias de café ativas no Brasil, que empregavam 20,1 mil pessoas, 58% são microempresas e se concentrando no Sudeste do País, com destaques para Minas Gerais, com 35%, e São Paulo, 18%, somando 53%.
Em 2020, as seis maiores indústrias de café do Brasil foram as seguintes: Grupo Três Corações (CE); Jacobs Egberts – Comércio de Café (SP); Mellita do Brasil (SP); Indústrias Alimentícias Marata Ltda (SP); São Braz S.A (PB); e Cooperativa Regional de Guaxupé Ltda (MG), segundo dados do IBGE/POF/RAIS-MTE/Fiesp/Abic.
Somam-se ainda, numa perspectiva de tempo nos cenários da cafeicultura mineira e brasileira, os esforços integrados entre governos, empresários, produtores, exportadores, agroindustriais, pesquisadores, assistência técnica pública e não governamental, extensão rural, gestão para resultados, boas práticas, padrões de qualidade, e a exigir também um “marketing externo” eficiente! De janeiro a novembro de 2022, as exportações de café atingiram US$ 8,5 bilhões, para 118 países, sendo 86,5% de arábica (Cecafé).
Em 1949, a antiga Acar/Emater-MG já estabelecia um programa de assistência técnica e extensão rural na cafeicultura mineira e, sem demérito de nenhuma instituição, o Instituto Brasileiro do Café (IBC)(1952-1990) desempenhou papel histórico na cafeicultura brasileira. Na safra cafeeira 2021 de 47,7 milhões de sacas beneficiadas, Minas Gerais respondeu por 44,2% ou 21,1 milhões de sacas (Conab).
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