Chances de mudar rota

Brasília parou, melhor dizendo, continua parada, agora por conta da movimentação em torno da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para avaliar o desempenho da administração federal neste ano e pouco de pandemia. Um esforço necessário, urgente, diante das muitas evidências de que se pode estabelecer relação direta entre erros e omissões da esfera pública e o agravamento da pandemia.
Decisões cruciais foram retardadas ou postas de lado deste o início do ano passado, a partir de avaliações absurdamente equivocadas, como a estimativa de que o número de vítimas fatais ficaria abaixo da casa dos mil e no segundo semestre a gripezinha teria passado, tudo voltando ao normal.
Premissas falsas e negacionismo sustentaram, e em parte ainda sustentam, erros que, com certeza, precisam ser postos a nu, inicialmente para que sua correção leve à retomada de ações consistentes e ágeis, que são conhecidas e podem reduzir rapidamente as contaminações e suas piores consequências.
Vacinar, com toda certeza, é a mais urgente de todas as tarefas e isso significa que não é possível ou aceitável que a movimentação em torno da CPI tenha, como parece ser o caso, um efeito paralisante, danoso para a questão sanitária da mesma forma que para a economia e a gestão pública.
Este tem que ser o sentido dos trabalhos que, efetivamente, terão início na semana que entra, sendo sua politização não mais que manobra diversionista, principalmente para encobrir culpas e culpados, desviando o foco do trabalho que está por ser feito e cuja importância pode ser medida mediante simples contagem do número de óbitos a cada dia.
Eis porque não será exagerado afirmar que a responsabilidade agora repousa nas mãos de cada integrante da CPI, todos eles igualmente importantes, desde que se compenetrem se suas funções sejam capazes de atuar com independência e em nenhum momento sequer ignorem que estão num palco, sob as atenções de todos os brasileiros.
Assim agindo em primeiro lugar, cumprirão seu dever e responsabilidades e, estejam bem certos, sob holofotes, colherão bons frutos se resistirem à tentação dos desvios e armadilhas que encontrarão pelo caminho. Afinal, repetindo, é urgentíssimo saber quem errou, porque errou e como errou, primeiro para corrigir, para tomar o rumo certo, mesmo que seja preciso remover obstáculos; segundo, para que, pelo menos, seja possível barrar, com segurança e comprometimento coletivo, os avanços ainda por demais preocupantes da pandemia.
E tudo isso também com o entendimento de que o País não pode parar e aguardar enquanto a economia não se recupera e a perda de renda, para quem trabalha e para quem empreende, vai ganhando proporções de uma catástrofe literal mas não menos grave.
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