Opinião

ChatGPT: ameaça ou ferramenta na educação superior?

ChatGPT: ameaça ou ferramenta na educação superior?
Crédito: Divulgação

Geneviève Poulingue*

O mundo está se perguntando sobre os impactos acerca do uso do ChatGPT. Essa ferramenta tecnológica tem provocado encantamento, preocupações e medo. Muitos dos sentimentos se propagam nas fantasias e na ignorância em cima da novidade, fato que deve ser reconhecido por todos nós.

ChatGPT significa Chat Generative Pre-Train Transformer e é um chabot que pode responder a muitas buscas produzindo uma resposta textual derivada do processamento algorítmico (comumente chamado de inteligência artificial) de dados acessíveis na rede.

As primeiras demonstrações são impressionantes e sugerem um maior desempenho. Essa tecnologia foi desenvolvida pela OpenAi, uma empresa start-up. A OpenAi apresentou este software em novembro de 2022, o que foi preocupante para alguns e promissor para outros.

O anúncio também eleva os interesses econômicos no mundo digital. Além disso, essa tecnologia projeta aplicações profissionais e usos do consumidor. Também levanta certa desconfiança no mundo educacional. Em poucos dias após sua apresentação, este chatbot atraiu muitos usuários, tornando-o um dos lançamentos de produtos mais rápidos da história.

O mundo da tecnologia e os gigantes digitais não podem ficar longe desta nova revolução trazida por um software tão promissor. No último 7 de fevereiro, a Microsoft anunciou um investimento de US$ 10 bilhões na OpenAi, sugerindo que a Bing logo evoluirá. A Alphabet (Google) apresentará em breve outras alternativas ao OpenAi. Os gigantes do software chinês também são muito avançados na análise de imagens. De acordo com um ranking elaborado pela Microsoft, as 5 principais equipes de visão por computador são chinesas.

Achei interessante a discussão trazida pelo artigo no The Economist em 30 de janeiro de 2023, que tratou esta inovação disruptiva trazida pela linguagem natural baseada em computadores como um processo natural e resultado de pesquisas de excelência.

Em breve veremos apresentações de alternativas ao ChatGPT por Alphabet (Google), Meta e os gigantes tecnológicos chineses. No entanto, o futuro não será só sobre os gigantes, pois as equipes de pesquisa desenvolvem modelos que precisam de menos dados.

Nesse sentindo, o  ChatGPT e suas variações futuras representam, por um lado, a vitória da investigação científica e alianças de estudiosos e suas instituições. É sempre bom reforçar que o conhecimento a serviço do bem da humanidade não deve ser posto em xeque. E por que existem receios? Por que a administração e outros educadores temem a chegada do ChatGPT?

Temos permissão para pensar que um estudante que pode recuperar uma produção intelectual relevante através do ChatGPT perde a motivação para produzi-la ele mesmo. Isso pode acontecer com profissionais de diversas áreas e docentes.

Acredito que tal preocupação, expressa pelos professores de várias partes do mundo, inclusive de nossos 5 campi da Faculdade SKEMA em países diferentes é legítima. Principalmente hoje em dia em uma sociedade desafiada a ser ativa, pensante e criativa.

E plágio, graças à facilidade de “copiar e colar” informações encontradas na internet, já está muito ampliado. As respostas que devem ser dadas pelo ensino superior são, portanto, antes de tudo, treinamento e apoio aos estudantes e professores na produção do conhecimento, principalmente com as citações dos autores estudados de acordo com códigos acadêmicos que permitem a identificação do artigo de referência.

Naturalmente, além disso, o regulamento do estudo lembra as sanções incorridas em caso de plágio. Além disso, softwares contra o plágio é utilizado para identificar textos que não fazem parte do trabalho do próprio aluno. O sistema não é perfeito, mas quando praticado rigorosamente, ele tranquiliza os professores e instituições sobre a qualidade do trabalho produzido pelo aluno.

Contudo, diante de novas produções graças ao ChatGPT, será necessário aprender a dominar melhor a tecnologia para identificar as produções intelectuais feitas pelo software. É possível! Termos medo, teremos que domá-lo para conhecer essa tecnologia que promete ser revolucionária em nossas práticas profissionais e acadêmicas. Na SKEMA não a proibiremos.

Ao invés disso, convidaremos nossos professores e alunos a aprender sobre a ferramenta e as ferramentas que virão. Afinal, o exemplo da calculadora é frequentemente citado, proibido em seu tempo durante os exames. Quem hoje questiona seu uso em qualquer situação?

Vejo, portanto, uma revolução nas metodologias pedagógicas e nos objetivos de aprendizagem, ainda a ser especificada neste momento. Em minha opinião, haverá necessidade de desenvolver ainda mais a curiosidade de buscar informações, de insistir no interesse de produzir uma pesquisa singular e não padronizada por uma massa de dados, mesmo que a alquimia do software produza algo interessante (que virá porque ainda não estamos lá, tendo em vista os primeiros resultados).

O ser humano deve predominar e não se tornar uma máquina fria, para decidir sobre as principais orientações das organizações humanas. Finalmente, insisto no desenvolvimento de um pensamento crítico.

Por que perder a oportunidade de se expressar quando um professor aborda um assunto a um aluno que lhe permite dar sua opinião?

Tanto essas qualidades e habilidades, ética e pensamento crítico, são desafios para o ensino superior se desenvolver em um mundo digital barulhento. Porém, não esqueçamos que o ensino coloca o professor em uma posição de constante aprendizagem para melhor orientar o aprendizado. Não há dúvida de que o papel do professor evoluirá e que ele ou ela será valorizado por isso. Acredito que o ChatGPT pode ser uma oportunidade para o ensino superior, de acordo com a dinâmica da evolução de nossas sociedades.

*Economista e reitora da Faculdade SKEMA Business School www.skema.edu

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