A espiritualidade na área de suprimentos

A linha da espiritualidade nos negócios que acredito tem um nome: compaixão. Ela pode ser traduzida também em amor incondicional e, como também estou no processo de aprendizado, sempre tento perceber as situações também pela perspectiva do outro. E nesta coluna, reservei um espaço para olhar para uma área extremamente estratégica nos negócios, mas que passa desapercebida no contexto organizacional e que tem muitas oportunidades de viver a espiritualidade na prática através das virtudes universais da justiça, integridade e propósito coletivo.

Sendo fornecedora de algumas empresas e interagindo com áreas bem estruturadas de suprimentos, percebo que o dia a dia da área, às vezes, pode ser engolido pelas regras excessivas que sobrepõem os princípios que norteiam um propósito. Na verdade, não estou falando só de suprimentos, mas das organizações como um todo.

O primeiro diagnóstico de felicidade que fizemos foi em uma empresa de tecnologia e lá nós mediamos os gatilhos de emoções negativas x processos de negócios e foi perceptível que excesso de regras mina a confiança e gera estresse desnecessários.

No relatório global de Felicidade nas nações, gerado pela ONU, coloca também este ponto: quanto maior o número de regras, menor a confiança. O grande desafio é encontrar o caminho do meio. Por isso, dialogar com a equipe é fundamental para encontrar o equilíbrio entre a gestão de compliance e nível de bem-estar dos colaboradores.

Com a colaboração da rede que construímos ao longo dos anos, trabalhando com a expansão de consciência dos indivíduos x negócios, separei algumas oportunidades de vivenciar a espiritualidade na prática através da área de suprimentos.

Separei aqui algumas situações que podem causar emoções negativas para os profissionais de suprimentos e que se você, como gestor ou profissional da área, trabalhar para melhorá-las, poderá viver uma espiritualidade bem prática:

Evite nas relações com os fornecedores:

• Realizar processos de concorrência com empresas de diferentes portes – Virtude da Justiça;
• Prazos insuficientes para apresentação da proposta – Virtude da prudência e autocontrole;
• Empresas que apresentam preços muito abaixo do mercado para vencer – Virtude da gratidão e prosperidade.

Cuide da relação com os colaboradores:

• Deixe claro sobre a negociação. Geralmente recebem as informações insuficientes para exercitar o pensamento crítico – Virtude do pensamento crítico e perspectiva;
• Calcule com muita atenção a produtividade da área. Geralmente é um volume muito alto de trabalho e o cérebro não consegue acompanhar com qualidade o volume – Virtude do trabalho em equipe;
• Pressão para conclusão dos processos – a maior parte do que é solicitado geralmente é urgente – Virtude da prudência e autocontrole.

Promova as emoções positivas no time:

• Realize processos e concorrências que ambas as partes ganham – Virtude da Justiça;
• Realizar workshops para conhecer e ouvir as melhores práticas do mercado – Virtude da Perspectiva;
• Realize projetos-piloto para desenvolver fornecedores locais – Virtude da inteligência social;
• Ter simplicidade na execução e no encontro de soluções e reflita regra x princípio. A regra não pode ser maior que o princípio e se necessário, mude a regra – Virtude da lucidez.

Então, se você é dessa área ou se relaciona com ela, experimente ser um “ser espiritual” percebendo as melhorias nos processos. E como diz um mestre tibetano vivo o qual tive a oportunidade de fazer um retiro por 10 dias recebendo seus ensinamentos: Não seja uma pessoa espiritualizada, seja uma pessoa bondosa que é bem melhor. Eu diria que ter o máximo de coerência que conseguir entre discurso e prática é um excelente agregador também.As vezes trazemos para o nome espiritualidade conotações dispensáveis para os problemas reais do dia a dia de um negócio.Ecomplemento a fala do mestre: só use a bondade com sabedoria, pois uma mente bondosa sem uma mente iluminada pode ser passível de grandes manipulações.