2023 foi o ano da Inteligência Artificial

À medida que 2023 chega ao fim, é hora de refletir sobre os avanços notáveis e as oportunidades empolgantes que marcaram o cenário de inovação no Brasil. Este ano testemunhou transformações significativas em vários setores, indicando uma jornada contínua em direção a um futuro impulsionado pela criatividade, tecnologia e colaboração.
- Transformação digital em setores tradicionais – Uma das tendências mais marcantes em 2023 foi a aceleração da transformação digital em setores tradicionais. Empresas que antes resistiam à mudança abraçaram a revolução tecnológica para melhorar eficiências, otimizar processos e alcançar novos mercados. Desde a agricultura até a indústria, a digitalização se tornou uma ferramenta vital para impulsionar a competitividade global.
- Ecossistema de startups em ebulição – O ecossistema de startups no Brasil continuou a prosperar em 2023. O País testemunhou um aumento notável no número de novos empreendimentos, com soluções inovadoras surgindo em diversas áreas, desde saúde até sustentabilidade. Incubadoras, aceleradoras e investidores contribuíram para criar um ambiente vibrante que incentiva o espírito empreendedor e a busca por soluções disruptivas.
- Sustentabilidade no centro das inovações – A preocupação com a sustentabilidade e a responsabilidade social tomou o centro do palco em 2023. Empresas e startups estão cada vez mais integrando práticas sustentáveis em seus modelos de negócios. Iniciativas focadas em economia circular, redução de emissões de carbono e conservação ambiental ganharam destaque, refletindo uma consciência crescente sobre a importância de inovar de maneira ética e sustentável.
- Parcerias público-privadas (PPPs) para impulsionar pesquisa e desenvolvimento – Parcerias entre o setor público e privado foram catalisadoras de avanços significativos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Iniciativas conjuntas entre universidades, institutos de pesquisa e empresas resultaram em descobertas inovadoras. O estímulo governamental à colaboração nessas áreas promete não apenas impulsionar a inovação, mas também solidificar a posição do Brasil como um líder global em diversas disciplinas.
- Avanços em Inteligência Artificial e tecnologias disruptivas – E, finalmente, o desenvolvimento surpreendente da Inteligência Artificial (IA) generativa que emergiu como uma força motriz para a inovação, revolucionando cadeias produtivas inteiras dos mais diversos segmentos como saúde, finanças e educação que viram avanços significativos na implementação de soluções baseadas em IA. Algoritmos avançados, machine learning e automação estão transformando a maneira como as organizações operam, oferecendo eficiência, personalização e insights valiosos. Além disso, novas questões emergem trazendo discussões legais e éticas acerca de processos de tomada de decisão automatizada por exemplo.
Perspectivas futuras e oportunidades emocionantes
As oportunidades para inovação no Brasil são emocionantes e numerosas. A consolidação da transformação digital, o fomento à pesquisa em tecnologias emergentes, a internacionalização de startups brasileiras e a criação de soluções inovadoras para desafios sociais continuam a ser áreas-chave.
A conectividade global, a expansão do ecossistema de inovação e a crescente conscientização sobre a importância da responsabilidade corporativa indicam um futuro promissor. O Brasil está bem posicionado para liderar a inovação não apenas regionalmente, mas também no cenário global.
Em suma, o ano de 2023 foi marcado por conquistas notáveis e alicerces sólidos para o futuro da inovação no Brasil. A interseção entre transformação digital, sustentabilidade e colaboração delineou um panorama dinâmico e inspirador. À medida que olhamos para frente, a inovação continuará a ser a força propulsora que molda o Brasil como um centro de excelência e criatividade. Que as lições aprendidas e os sucessos de 2023 sirvam como trampolim para um futuro ainda mais inovador e promissor.
Minas Gerais é berço de avanços e oportunidades
O ano de 2023 foi marcado por significativos avanços e oportunidades para inovação em Minas Gerais, consolidando o Estado como um polo promissor para o desenvolvimento tecnológico e econômico. Ao longo dos últimos 12 meses, diversas iniciativas e projetos contribuíram para impulsionar a inovação em setores-chave, promovendo o crescimento sustentável e a competitividade regional e registrou avanços significativos em três frentes principais, segundo Pedro Emboava, Superintendente de Inovação Tecnológica do Governo de Minas:
- Disseminação e publicização da temática – Minas Gerais talvez tenha vivido seu melhor ano em termos de disseminação e publicização da temática de inovação. Uma série de eventos de médio e grande porte ao redor do Estado cobrindo o tema, para empreendedores de tecnologia, para acadêmicos ou mesmo para empresários de setores tradicionais da economia. Alguns dos principais exemplos foram: Minas Summit, Uai Summit, JF Summit, Fivel, Uberlândia Summit e, o maior deles, o HakcTown. Esses eventos tiveram um papel fundamental na promoção da cultura da inovação no estado, aproximando diferentes atores do ecossistema e mostrando a importância da inovação para o desenvolvimento econômico e social.
- Investimento público – Este foi um ano de consolidação do investimento público na temática de inovação. O Estado está novamente neste mês de dezembro finalizando o empenho do recurso constitucionalmente atribuído para ciência, tecnologia e inovação, o que representará um investimento total próximo de meio bilhão de reais, assim como ocorreu no ano de 2022. Esse investimento está sendo direcionado para uma série de ações, incluindo: apoio a startups e empresas inovadoras; fomento à pesquisa e desenvolvimento tecnológico; capacitação de profissionais em inovação; promoção da cultura da inovação.
- Retorno da inovação – Dado esse cenário, o amadurecimento das startups mineiras, o interesse das empresas de setores tradicionais pela temática de inovação e a abertura das instituições de ensino superior para essa interlocução, houve a retomada de Minas Gerais como um dos principais atores do cenário de inovação nacional. O Estado recebeu prêmios como o “100 Open Startups” e o ”Startup Awards”, mas principalmente subiu no índice de inovação da FIEC e ABDI, passando da 14ª para a 12ª posição.
Perspectivas para o futuro
O ano de 2024 promete ser ainda melhor para a inovação em Minas Gerais. O Estado continuará a investir em inovação e a promover a cultura da inovação. Além disso, Minas tem um grande potencial para se tornar um hub de inovação global, com a presença de empresas e instituições de pesquisa de renome internacional. Cabe destaque a algumas destas iniciativas:
Minas Summit – Reuniu protagonistas do San Pedro Valley, a primeira comunidade de startups do Brasil, com origem no bairro São Pedro, região Centro-Sul de Belo Horizonte, há 12 anos. Além da oportunidade de conexões, relembrou histórias de empreendedores mineiros, hoje referências nacionais e internacionais. Em 2024, será dia 27 de junho, em BH.
UAI Summit – Iniciativa que tem o objetivo de desmistificar conceitos e levar o conhecimento sobre inovação diretamente para os empreendedores do interior de Minas e capacitar empresários com as ferramentas e insights necessários para prosperar em um mercado em constante evolução. Além disso, permite conhecer casos de sucesso regionais que demonstram que é possível inovar mesmo em segmentos mais tradicionais.
HackTown – Realizado em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, foram quatro dias discutindo temas como tecnologias e humanidade. O evento envolve toda a comunidade local, de cerca de 40 mil habitantes, para receber mais de 11 mil pessoas, nas paróquias, bares, escolas, Inatel e ETE – primeira escola de eletrônica da América Latina. Em 2024, acontecerá de 1º a 4 de agosto.
Expo Favela Innovation – O maior evento de favela da América Latina passou por Belo Horizonte. Uma feira de negócios criada por Celso Athayde, CEO da Favela Holding, que seleciona empreendedores e startups estaduais que se somam à etapa nacional. A final foi em dezembro, em São Paulo. Em 2024, terá a primeira edição internacional em Paris, França.
Órbi Conecta – Mensalmente, o espaço, no coração da Lagoinha, é aberto à comunidade. Em 2023, foram 10 edições, mais de 40 atividades, para mais de mil participantes. O primeiro encontro de 2024 será em 18 de janeiro. Co-realizou eventos relevantes voltados ao empreendedorismo feminino, temas de interesse global, potencializando conexões com empresas mineiras, como a ArcelorMittal. Ainda sedou uma Maratona da Inovação conectando cases de Minas a outros estados junto a TroposLab – uma das empresas que integram a comunidade.
Nanotech Innovation Hub – Sediado no BHTec, foca na nanotecnologia, que é transversal às áreas do conhecimento, orientando ambientes temáticos de inovação. Enquanto a CTIT – Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica tem o olhar para as competências da UFMG, a Merck, indústria química, farmacêutica e de ciências biológicas alemã, fará a conexão junto à sua cadeia de fornecedores da América Latina.
Celeiro Hub de Inovação no Agronegócio – Localizado no Parque Tecnológico da Fazu – Faculdade Associadas de Uberaba, referência em ciências agrárias, o hub foi criado com o objetivo de gerar oportunidades. A FCJ Triângulo, Venture Builder, integra e apoia o hub no desenvolvimento de startups para o agronegócio e conexão com empresas.
LabMIn e Outlab UFMG – Uma parceria possibilitou levar conhecimento de gestão e empreendedorismo aos laboratórios de pesquisa da universidade. Sediado também no BHTec, resultou na aplicação de 14 mapeamentos no ano. Um método próprio de diagnóstico de etapas viabiliza que os ambientes analisados avancem em inovação. Em 2024 a expectativa é ampliar seus serviços à sociedade.
À medida que Minas Gerais se destaca como um hub de inovação, as oportunidades para o futuro são promissoras. A continuidade do apoio governamental, a promoção da cultura empreendedora e a integração de setores-chave são fatores essenciais para consolidar o estado como um protagonista no cenário nacional e internacional da inovação.
Em retrospectiva, o ano de 2023 foi marcado por conquistas significativas, mas é olhando para o futuro que Minas Gerais poderá maximizar seu potencial como um polo de inovação, contribuindo não apenas para o desenvolvimento econômico, mas também para a melhoria da qualidade de vida de sua população.
*Francis Aquino colaborou na apuração das iniciativas em Minas Gerais, no texto “Minas Gerais é berço de avanços e oportunidades”. A jornalista (@afrancisaquino) também é profissional de tecnologia, de transformação cultural e fala sobre o futuro do trabalho
Tríplice Hélice integra conhecimento, recursos e habilidades
A inovação é a mola propulsora do progresso em qualquer sociedade, impulsionando o crescimento econômico, a competitividade e a qualidade de vida. Em um contexto cada vez mais complexo e interconectado, a colaboração entre governos, empresas e instituições de pesquisa torna-se vital. Nesse cenário, a abordagem conhecida como “Tríplice Hélice” emerge como um modelo eficaz e essencial para impulsionar a inovação em estados e países.
A Tríplice Hélice refere-se à colaboração entre três atores principais: o setor governamental, as empresas privadas e as instituições de pesquisa acadêmica. Essa aliança estratégica busca integrar conhecimento, recursos e habilidades de cada esfera, criando um ambiente propício para o desenvolvimento e a aplicação de inovações em larga escala.
Setor governamental: definindo políticas e incentivos – O governo desempenha um papel crucial na promoção da inovação, estabelecendo políticas públicas que incentivem a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a educação voltada para as demandas do mercado. Além disso, a criação de marcos regulatórios flexíveis e favoráveis à inovação contribui para atrair investimentos e facilitar parcerias estratégicas entre os setores público e privado.
Empresas privadas: impulsionando a inovação e a competitividade – As empresas são motores da inovação, trazendo para o mercado novas ideias, produtos e serviços. A parceria com o governo e as instituições acadêmicas permite que as empresas acessem conhecimentos especializados, infraestrutura de pesquisa avançada e financiamento para projetos inovadores. Essa colaboração não apenas impulsiona a competitividade das empresas no mercado global, mas também fortalece a economia local.
Instituições de pesquisa acadêmica: gerando conhecimento e tecnologia – As instituições acadêmicas são fundamentais na geração de conhecimento e na formação de profissionais capacitados. A pesquisa aplicada nas universidades e centros de pesquisa resulta em descobertas que podem ser transformadas em inovações práticas. A Tríplice Hélice facilita a transferência de tecnologia do ambiente acadêmico para as empresas, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento e aplicação de novas soluções.
Benefícios da Tríplice Hélice
Crescimento sustentável – A colaboração entre governo, empresas e instituições acadêmicas impulsiona o crescimento econômico de forma sustentável, alinhando a inovação com as necessidades sociais e ambientais.
Competitividade internacional – A sinergia entre os setores cria um ambiente propício para a competitividade internacional, permitindo que estados e países se destaquem no cenário global.
Desenvolvimento de talentos – A Tríplice Hélice promove a formação de profissionais altamente qualificados, alinhados às demandas do mercado, garantindo uma força de trabalho preparada para os desafios tecnológicos.
Resolução de problemas complexos – A diversidade de perspectivas e conhecimentos proporcionada pela Tríplice Hélice contribui para a resolução de desafios complexos, gerando soluções inovadoras e impactantes.
A Tríplice Hélice representa uma abordagem dinâmica e eficiente para impulsionar a inovação em estados e países. Ao unir esforços do governo, empresas e instituições acadêmicas, cria-se um ecossistema propício para o desenvolvimento e a aplicação de tecnologias inovadoras, consolidando-se como um catalisador essencial para o avanço socioeconômico em escala regional e nacional.
Curtas
Governo
Em 2023, a Invest Minas teve um ano incrível, atraindo uma quantia recorde de R$ 109,4 bilhões em investimentos. Isso fez com que o total de investimentos de 2019 a 2023 chegasse a R$ 382 bilhões. É interessante notar que os setores que estão recebendo mais investimentos são os relacionados à descarbonização como energia renovável, sucroenergético, minerais críticos e agronegócio, todos potencialmente ligados à redução da pegada de carbono. Um dos motivos para esse sucesso foi o lançamento do Vale do Lítio pelo governador Romeu Zema, o que impulsionou os investimentos no Vale do Jequitinhonha. E a previsão é que essa tendência continue em 2024. A abordagem ativa da Invest Minas em encontrar oportunidades e facilitar investimentos, junto com as estratégias do Governo de Minas para criar um ambiente de negócios próspero e sustentável, ajudaram a posicionar o Estado como um centro atrativo, consolidando seu papel tanto no cenário econômico nacional quanto internacional.
Gustavo Almeida, Diretor de Gestão e Novos Negócios na Invest Minas
Iniciativa privada
O ano de 2023, mesmo com um cenário econômico e político desafiador, apresentou indicadores e movimentos otimistas para o ambiente de inovação nas empresas. Foi um ano de amplo crescimento e consagração de programas e ecossistemas como Fiemg Lab, AçoLab, Órbi Conecta, BHTec e P7 Criativo, entre outros, cada um em sua vocação. Em 2016, menos de 50 indústrias no País declaravam possuir alguma ação de inovação aberta. Neste ano, mais de 4 mil, além do crescimento do número de corporate venture capital. É um forte sinal de que estamos no caminho certo, mas conscientes de que ainda há muito a ser feito.
Gustavo Henrique Macena, Superintendente de ambiente de negócios da Fiemg IEL e presidente executivo do P7 Criativo
Academia
As Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) desempenham papel primordial para o avanço dos resultados de inovação de um País, por sua capacidade de aportarem conhecimento de excelência, tecnologias e infraestruturas de pesquisa que ajudam na geração de novos produtos, processos e serviços mais competitivos. O ano de 2023 foi especial, porque permitiu que as ICTs consolidassem as suas políticas internas de inovação, com a criação de melhores estratégias de gestão e de desenvolvimento de novos arranjos de parcerias, sobremaneira com empresas.
2023 foi também um ano fértil do ponto de vista do fomento público para apoiar a inovação nas ICTs. De fato, foi possível observar um aumento de editais voltados para estas instituições, por exemplo fomentando a realização de pesquisas em campos tecnológicos estratégicos, recursos para facilitar a transferência de ativos de propriedade intelectual, apoio para constituição de empreendimentos de base tecnológica a partir do conhecimento gerado por ICTs, dentre outras iniciativas. Dentre as conquistas que podemos celebrar em relação ao fomento público, podemos dar destaque à recuperação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que permitirá o Brasil avançar em diversas frentes de CT&I de maneira ainda mais robusta e estruturante. Assim, encerramos 2023 em ritmo de comemoração e com muita expectativa para um 2024 de muita prosperidade e avanço no papel essencial das ICTs para o Brasil.
Juliana Crepalde, Coordenadora Executiva CTIT/UFMG e Professora do Programa de Pós-graduação e Inovação Tecnológica da UFMG – PPGIT
É com grande entusiasmo e otimismo que percebemos, cada vez mais, a valorização das atividades de inovação, enquanto política pública de promoção ao desenvolvimento sustentável, sendo abraçada pelas instituições de ensino superior, em particular as universidades públicas, enquanto missão institucional, sendo plenamente contempladas em seus Planos Desenvolvimento Institucional (PDI). Para além da tradicional tríade ensino, pesquisa e extensão, a UFV vem fomentando e robustecendo o seu sistema de tecnologia, inovação e empreendedorismo, a fim de contribuir com o desenvolvimento econômico, apoiando os setores produtivos e adotando o modelo da Hélice Tríplice de Inovação como valor e princípio na práxis acadêmica, para o cumprimento de sua função social junto à sociedade, que a subvenciona. Ao longo deste último, assistimos, de forma acelerada, a construção de uma nova ótica para as universidades empreendedoras, com a implementação de Políticas de Inovação mais assertivas e eficazes, que favorecem, de fato e de direito, os processos de proteção intelectual, transferência de tecnologia, criação de spin-offs e startups e estabelecimentos de acordos de cooperação técnica e de parceria.
Adriana Faria, Diretora Executiva tecnoPARQ/UFV, Presidente da Rede Mineira de Inovação, Presidente da Anprotec
Ouça a rádio de Minas