Café mais caro e consumo em queda
O café, símbolo da mesa do brasileiro e parte essencial da nossa cultura cotidiana, enfrenta hoje um cenário desafiador. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o consumo da bebida no Brasil caiu quase 16% em abril, em comparação ao mesmo mês de 2024. A retração é expressiva e reflete o impacto direto da alta de preços sobre o comportamento do consumidor.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o café torrado e moído acumulou uma inflação de 98,4% em um ano e meio – a maior registrada nos últimos 30 anos. Desde janeiro de 2024, foram 17 altas consecutivas, e somente em maio de 2025 os preços nas gôndolas subiram 4,6%.
Diante desse cenário, mais do que nunca é necessário buscar equilíbrio e consciência na hora de escolher o que colocamos na xícara. Isso não significa abrir mão do café especial ou das boas experiências sensoriais, mas sim entender o que faz mais sentido para o momento atual: diversificar métodos, experimentar novas marcas e respeitar o próprio orçamento.
Você já parou para pensar quanto realmente custa o café que consome todos os dias? Uma cápsula, por exemplo, custa em média entre R$ 2,80 e R$ 4 por dose. À primeira vista, parece pouco. Mas, se a ideia é economizar no cafezinho diário, há alternativas mais acessíveis – e até com mais qualidade.
Se você tiver uma máquina de espresso automática e optar por café em grãos, o custo por extração cai para cerca de R$ 1,10. Isso porque um quilo de café especial (e aqui estamos falando dos grãos mais caros do mercado) custa em média R$ 137 e rende cerca de 125 doses, considerando oito gramas por xícara. Ou seja, além da praticidade e da liberdade de escolher grãos frescos e de qualidade, você reduz o custo da xícara em mais da metade.
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A mesma lógica vale para o café coado – e, nesse caso, a economia é ainda maior, já que a proporção usada costuma ser menor. No fim do mês – e principalmente no acumulado do ano -, a diferença no bolso é significativa. Um bom café, com sabor de verdade, pode ser mais acessível do que parece. E vale o investimento.
Valorizar toda a cadeia produtiva também é essencial nesse contexto. Muitos pequenos produtores, cooperativas e torrefações artesanais continuam enfrentando desafios para manter seus padrões de qualidade diante da alta nos custos. Apoiar quem atua com transparência, responsabilidade e vínculo com a origem vai além de uma escolha de compra: é uma maneira de sustentar um setor que depende de equilíbrio para sobreviver e prosperar.
O café seguirá presente no nosso dia a dia – talvez agora com decisões mais intencionais, adaptadas ao novo momento econômico. Afinal, consumir com sabedoria também é um ato de resistência e valorização de uma cadeia que movimenta milhões de pessoas – da lavoura à xícara.
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