Café sem Filtro

Segurança no campo em tempos de valorização do café

O alto valor do produto tornou as lavouras alvos de criminosos em Minas Gerais
Segurança no campo em tempos de valorização do café
Foto: Adobe Stock

Minas Gerais sempre foi sinônimo de café. Da colheita ao aroma passado na hora, esse grão faz parte da história, da economia e da identidade cultural do nosso estado. E, em 2025, esse símbolo mineiro alcançou um novo patamar: o café arábica ultrapassou os R$ 2.300 por saca de 60 kg, o maior valor registrado nos últimos 28 anos. Essa valorização é motivo de celebração para produtores, cooperativas e para toda a cadeia produtiva que gira em torno do café.

Mas com os bons ventos também vêm novos desafios. O alto valor do produto tornou as lavouras alvos de criminosos. Em Minas Gerais, estima-se que mais de R$ 1 milhão em sacas de café tenham sido furtadas somente neste início de ano. Casos como o de Cássia, no Sul de Minas, onde 500 sacas foram levadas de uma só fazenda, acendem um alerta.

No entanto, apesar da gravidade dos acontecimentos, o cenário é de mobilização, não de desânimo. O que se vê no campo é um movimento de união entre produtores, cooperativas e poder público para preservar esse patrimônio. A Polícia Civil de Minas Gerais tem reforçado a atuação com o projeto “Campo Seguro”, que criou delegacias especializadas em crimes rurais e ações de inteligência voltadas para a zona rural. O impacto já é visível: entre 2023 e 2024, os furtos tiveram queda de 11,59% e os roubos caíram 13,95%.

Além da segurança pública, o próprio setor cafeeiro tem buscado soluções para este novo tempo. Muitos produtores vêm investindo em tecnologia: câmeras de vigilância, drones, sensores de presença e monitoramento remoto das lavouras são algumas das estratégias adotadas. Outros têm fortalecido redes de apoio local, com vigias noturnos, comunicação via rádio entre propriedades e parcerias com cooperativas.

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Mais do que nunca, esse é um momento de reconhecer o valor — literal e simbólico — do nosso café. E de cuidar dele como cuidamos da nossa própria casa. O aumento no preço é fruto de muito trabalho, dedicação, técnica e amor de quem planta, colhe, torra e entrega um dos melhores cafés do mundo.

Que os desafios que surgem sejam também oportunidade de evolução, de união entre produtores e de fortalecimento das instituições que protegem o campo. O café é forte, resistente e resiliente — como o povo que o cultiva.

A crise, por mais difícil que seja, é também um convite à transformação. E Minas Gerais, com sua tradição e inovação, segue sendo referência não só na produção, mas também na forma de enfrentar adversidades com inteligência, trabalho e esperança.

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