Quinto dia da COP30: poucos movimentos relevantes na área azul, mas a verde bombando
A COP é dividida em duas áreas: a Zona Azul, onde acontecem as negociações, e a Verde, que conecta sociedade civil, instituições públicas e privadas, promove diálogos, inovações e iniciativas de sustentabilidade e aproxima o povo das temáticas climáticas.
No quinto dia da COP30, os resultados da zona azul foram pouco significativos. A presidência tentou mobilizar países e setores para implementar o compromisso de quadruplicar a utilização de combustíveis sustentáveis, por meio do programa “Belém 4X” que já havia sido lançado na Pré-COP, porém o esforço mobilizou pouco mais de 20 países, o que é pouco significativo se comparado aos 197 signatários.
Outra iniciativa foi o lançamento da Declaração de Belém para Industrialização verde, que busca mobilizar os países e organizações para acelerar a transição energética e promover uma economia global sustentável, mas novamente a adesão foi baixa, apenas 35 países.
Se a Zona Azul ficou em marcha lenta, a zona verde ficou tão movimentada que a organização da COP30 emitiu alerta informando aos presentes que a lotação máxima da área é de 7.500 pessoas e reafirmando as diretrizes de funcionamento e acesso. Por lá é possível encontrar diversas ativações. No stand da Caixa, por exemplo, era possível compensar o carbono gerado com a viagem, jogar um jogo da memória com animais da Amazônia e assistir palestras e debates de especialistas.
Foi lá que tive a oportunidade de conversar hoje sobre mobilidade sustentável com Claudio, da ARCON do Pará; Marcos Daniel, do Ministério das Cidades e Lineia Santana, Gerente Nacional da Caixa. Durante a minha fala ressaltei 4 desafios para a mobilidade no Brasil.
O primeiro deles é a necessidade de se abandonar a cultura do carro, pois o automóvel individual compromete a eficiência da mobilidade urbana, agrava a poluição e contribui para a desigualdade no acesso à cidade. Defendi que era preciso valorizar o transporte coletivo, os modais ativos e as soluções compartilhadas.
O segundo desafio está relacionado à infraestrutura inadequada do transporte coletivo, tanto em termos físicos quanto tecnológicos. Falei do absurdo que é os municípios deixarem os sistemas eletrônicos de controle do transporte na mão das empresas e de como a concentração no modelo rodoviário diminui a resiliência do sistema. Defendi mais investimentos em infraestrutura de qualidade, plataformas digitais integradas e interoperabilidade entre modais e mostrei como tudo isso compromete a experiência do usuário e a eficiência operacional.
O terceiro desafio é a visão fragmentada das políticas públicas. A mobilidade urbana não pode ser pensada isoladamente e para demonstrar isso mostrei como setores como saneamento, resíduos, mineração, turismo e meio ambiente influenciam diretamente os resultados da mobilidade.
Por fim, demonstrei a minha preocupação com a importação de modelos estrangeiros sem adaptação ao contexto brasileiro. Falei especificamente da eletrificação da frota que está sendo adotada por diversos países do mundo, mas que não considera um dos principais ativos brasileiros, os biocombustíveis. Mostrei como estes oferecem vantagens competitivas e ambientais, aproveitando a matriz energética limpa e a vocação agrícola do país.
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