Caminhos sustentáveis

Sétimo dia da COP30: pouco dinheiro, muita colaboração, e preocupação com metano

A bioeconomia também foi destaque durante as discussões do dia

No sétimo dia da COP30, os governos da Bélgica, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Espanha e Suécia confirmaram doações que somam US$ 58,5 milhões para o Fundo de Adaptação. A notícia seria positiva se as contribuições não estivessem diminuindo ano após ano e se esse valor não representasse uma fração tão insignificante dos US$ 27 bilhões anuais necessários apenas para adaptação. Por isso, representantes dos países em desenvolvimento têm destacado a urgência de acelerar a implementação e garantir recursos sólidos para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

Outro tema de destaque foi a bioeconomia. Foi lançado o Global BioChallenge, uma plataforma multissetorial que busca transformar os 10 Princípios de Alto Nível da Iniciativa de Bioeconomia do G20 — da qual participei na construção — em ações concretas até 2028. O desafio, apoiado por instituições como BID, FAO e WRI, pretende preencher lacunas sistêmicas e impulsionar mercados sustentáveis que coloquem comunidades no centro da transição ecológica.

No campo da proteção florestal, foi lançada a Coalizão para Ampliação do JREDD+, que financia a conservação em escala, remunerando territórios por reduções mensuráveis no desmatamento. Esse mecanismo deve mobilizar até US$ 6 bilhões anuais até 2030, configurando-se como um importante instrumento de alinhamento entre resultados e recursos.

Na área agroambiental, a Agenda de Paisagens Regenerativas anunciou US$ 9 bilhões em investimentos para agricultura e restauração de terras, cobrindo mais de 210 milhões de hectares e beneficiando 12 milhões de agricultores em mais de 110 países. O Brasil participa com foco no Cerrado e na Amazônia.

Do ponto de vista da mitigação, o Relatório Global sobre Metano reforçou que a redução das emissões desse gás é uma das formas mais rápidas e eficazes de manter a meta de 1,5 °C. No entanto, a ambição dos países está diminuindo, como evidenciado pelo resultado do antiprêmio Fossil of the Day.

A Nova Zelândia recebeu o prêmio satírico por ter reduzido suas metas de corte de metano de 24–47% para apenas 14–24%. Isso é especialmente preocupante, já que o metano é um gás de efeito estufa 86 vezes mais potente que o CO₂ no curto prazo.

No Pavilhão de Cidades Resilientes, a Fundação Dom Cabral, a BMW Foundation e a Fundação Boticário lançaram o Relatório sobre Vida Urbana Sustentável, que destaca ações e defende uma nova forma de colaboração entre governos, empresas, comunidades e academia, com o objetivo de transformar cidades brasileiras em modelos de resiliência e prosperidade urbana replicáveis globalmente. Complementando essa abordagem, o coletivo Arquitetos pela Moradia, representado por Claudia Pires e Filemon Alves Tiago, apresentou casos concretos em que o urbanismo participativo fez a diferença no Brasil.

Já no Pavilhão da Amazônia Legal, foi celebrado o Dia Brasil-China, com a apresentação de diversas iniciativas bilaterais envolvendo os dois países. Os projetos abordam temas como florestas, infraestrutura, qualidade do ar, transição energética e agricultura regenerativa.

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