Caminhos sustentáveis

O alerta da África Subsaariana sobre a biodiversidade

Conclusões de estudo têm implicações diretas para o restante do mundo

Um estudo recém-publicado na revista científica Nature, que pode ser acessado no link, trouxe uma análise inédita sobre o estado da biodiversidade na África Subsaariana e revelou dados que merecem atenção de ambientalistas, gestores públicos e privados em todo o mundo.

A pesquisa, conduzida por mais de 200 especialistas locais, avaliou o quanto os ecossistemas ainda preservam sua composição e funcionamento originais. O resultado foi que a região já perdeu ¼ da sua biodiversidade em comparação ao período pré-colonial. Esse número, por si só, já indica uma erosão significativa do patrimônio natural, mas o estudo vai além ao detalhar os impactos sobre diferentes grupos de espécies.

Os grandes mamíferos tiveram declínios que chegam a 80% em algumas áreas. Essa perda é extremamente preocupante porque esses animais desempenham papéis fundamentais na manutenção dos ecossistemas, como a dispersão de sementes e o equilíbrio das cadeias alimentares. Assim, sua ausência compromete o funcionamento natural das paisagens e acelera processos de degradação.
A análise também mostra que a situação varia entre os países. Ruanda e Nigéria figuram entre os territórios com menor biodiversidade intacta, apresentando índices abaixo de 55%, enquanto Namíbia e Botsuana aparecem como exemplos positivos, com índices superiores a 85%.

Além disso, o estudo identifica que as perdas estão diretamente ligadas à transformação de terras em áreas agrícolas, especialmente em biomas como savanas e fynbos, ecossistemas mediterrâneos que abrigam uma diversidade única. A degradação não agrícola, como a exploração madeireira e a expansão urbana, também contribui para acelerar o declínio em áreas de floresta.

Embora o foco seja a África, as conclusões têm implicações diretas para o restante do mundo já que os resultados demonstram a importância das políticas de conservação e de uso sustentável dos recursos naturais e que se tornarem eficazes as políticas precisam ser baseadas em dados locais e contextualizados, gerados por conhecimento científico regional. A mensagem é clara: sem informação precisa e sem integração entre ciência e gestão, a conservação da biodiversidade continuará falhando.

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