Caminhos sustentáveis

Cidades inteligentes, mas não sustentáveis?

A febre por cidades inteligentes deveria ser também a febre por desenvolvimento sustentável

A União Internacional de Telecomunicações, órgão membro das Nações Unidas, definiu cidades inteligentes como aquelas que “utilizam tecnologias de informação e comunicação e outros meios para melhorar a qualidade de vida, a eficiência do funcionamento e dos serviços urbanos, e a competitividade, ao mesmo tempo que garante que atende às necessidades das gerações presentes e futuras em relação aos aspectos econômico, social, ambiental e cultural.”

Não é difícil perceber que a finalidade última neste conceito é a geração de desenvolvimento sustentável. Assim, a febre por cidades inteligentes deveria ser também a febre por desenvolvimento sustentável. Entretanto, não é bem isso que temos presenciado. A preocupação dos agentes públicos tem se restringido apenas à questão da inovação e tecnologia, criando uma situação inadequada de conversão de meios em fins.

Não queremos câmeras, sensores e transporte público moderno só para dizer que somos inteligentes, até porque essa seria a prova cabal de que não somos. Queremos esses equipamentos e tecnologias para melhorar a vida nas cidades e para garantir os nossos meios de subsistência. Eles são meios e não os fins.

Quero um sistema inteligente de energia para otimizar o consumo, evitar perdas na transmissão, diminuir as emissões de gases de efeito estufa, melhorar a qualidade do ar que respiro, diminuir as internações hospitalares, evitar zonas de calor na rede urbana.

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Quero um sistema inteligente de gestão de recursos hídricos para que a qualidade da água que consumo seja garantida, que não me traga doenças, que as pessoas possam ter acesso garantido a um recurso que é indispensável às suas vidas, o desperdício possa ser evitado, enchentes possam ser prevenidas, o excesso de água em alguns períodos possa ser desviado para alimentar a agricultura, repor lençóis freáticos, garantir a subsistência da vida aquática.

Quero um sistema inteligente de gestão de resíduos, para que a economia circular multiplique a riqueza e promova justiça social, os lençóis freáticos não sejam contaminados, os custos de produção e a extração de recursos naturais sejam diminuídos.

Quero um sistema inteligente de mobilidade para que eu não perca tempo em engarrafamento, não precise respirar tanto poluente, que possa ter uma vida mais ativa e saudável.

A inteligência está na capacidade de gerar mais e melhores resultados, não está na quantidade de tecnologia que eu utilizo. Você é inteligente para perceber isso?

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