Caminhos sustentáveis

Terceiro dia de COP30 tem discussão sobre Água, Saneamento e Financiamento Coletivo

Outro ponto alto do dia foi o lançamento do mecanismo econômico conjunto dos estados da Amazônia brasileira para valorizar a floresta em pé
Terceiro dia de COP30 tem discussão sobre Água, Saneamento e Financiamento Coletivo
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O terceiro dia da COP30 começou depois de um lockdown que durou toda a noite. O fechamento da COP30 se deu devido à invasão realizada na noite de ontem por alguns manifestantes. Mas a ação violenta, que feriu um dos seguranças, não conseguiu parar os debates e uma das questões trazidas para a mesa foi a questão da água e do saneamento.

Presenciei no Pavilhão Cidades Resilientes um debate de altíssimo nível entre a Diretora de Tratamento de Efluentes da Sabesp, Ivana Wuo, e do professo da FDC e CEO do Grupo Myr, Sérgio Myssior, sobre os desafios e soluções para colocar a água como uma propulsora do desenvolvimento sustentável e da adaptação às mudanças climáticas.

Wuo apresentou diversas iniciativas para circularidade a partir do tratamento de efluentes, mencionou a geração de biogás e biofertilizante e o impacto que esses produtos poderiam ter para melhoria da produtividade e redução de custos no agro e nos transportes. Mencionou também a importância de se pensar uma política de utilização de água de reuso que diminua a pressão sobre as fontes naturais. Mas o que chamou mais atenção foi sua firmeza ao afirmar: “Por mais que a gente queira, nenhuma empresa consegue fazer a circularidade acontecer sozinha. É essencial que a gente pense a circularidade a partir do diálogo e da conciliação de forças.”

Outro ponto alto do dia foi o lançamento do mecanismo econômico conjunto dos estados da Amazônia brasileira para valorizar a floresta em pé. O objetivo é captar recursos internacionais voltados à conservação da floresta e ao desenvolvimento sustentável. A proposta visa alinhar os interesses regionais e fortalecer a governança climática subnacional, oferecendo uma plataforma comum para negociação de financiamentos e compensações por serviços ambientais. Em um contexto em que faltam recursos, a medida é claramente importante.

Porém, na pré-COP, o governo brasileiro lançou o TFFF, um fundo internacional estruturado com governança multilateral, critérios técnicos rigorosos e foco em resultados mensuráveis. Diante disso, pelos corredores surgiu a pergunta: o novo mecanismo amazônico não poderia enfraquecer a proposta do TFFF e vice-versa? O Secretário de Planejamento do Estado do Acre, Ricardo Brandão, explica que não: “A proposta da estratégia é articular com os órgãos de governo e demais entidades para garantir a convergência dos esforços realizados nos territórios. A ideia é que recursos do TFFF, ao serem convertidos em projetos, estejam orientados pela da estratégia, pois ela definirá as prioridades.”

Por fim, o prêmio “Fossil of the Day Awards” que satiriza os países que mais atrapalham as negociações, foi entregue ao Reino Unido que bloqueou o avanço da proposta apresentada ontem pelo G77 + China de criação do Programa de Trabalho de Transição Justa (JTWP). O mecanismo, como escrevemos ontem, apoiaria as economias em desenvolvimento na transição para modelos sustentáveis.

A postura britânica foi recebida como uma tentativa de restringir o conceito de transição justa ao âmbito nacional de cada país, minando o espírito de cooperação internacional que deveria nortear os debates climáticos.

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