O discurso do presidente Lula no nono dia da COP30
O discurso do presidente Lula na COP30 no nono dia de COP foi uma peça retórica marcada por entusiasmo, simbolismo e apelo político, que buscou reposicionar o Brasil como protagonista na agenda climática global.
Lula enfatizou a escolha de Belém como sede do evento e a importância de trazer a Amazônia para o centro do debate internacional, não apenas como território ambiental estratégico, mas como espaço cultural e humano. Ele valorizou a cidade e seu povo, com referências à culinária, à dança e à hospitalidade, e fez muito bem em fazê-lo, pois os paraenses deram um show de hospitalidade e acolhimento.
Como era de se esperar, não reconheceu os erros graves cometidos na organização e segurança do evento, que inclusive ensejaram uma carta do secretário da UNFCCC. Aliás, vale mais uma vez ressaltar que os erros mencionados nada tiveram a ver com Belém, mas foram gerados por uma empresa paulista, DMDL, e por decisões equivocadas dos representantes do Palácio do Planalto.
Aproveitou seu discurso para reforçar sua plataforma política de uma COP popular, acessível e enraizada na realidade brasileira, contrastando com edições anteriores realizadas em países de democracia cambaleante. Nesse sentido, destacou a diversidade de participantes, enfatizou a presença de indígenas, mulheres e jovens, e criticou a elitização dos fóruns internacionais. Mas a verdade é que, na prática, essa diferença só foi sentida na Zona Verde, pois na Azul, onde de fato acontecem as negociações, não houve essa permeabilidade popular.
No campo das propostas, o discurso abordou a necessidade de justiça climática e financiamento internacional, cobrou dos países ricos e das empresas poluidoras maior responsabilidade, propôs a conversão de dívidas em investimentos e a transferência de tecnologia para países em desenvolvimento, e defendeu que manter a floresta em pé deve ser economicamente vantajoso e que a transição energética precisa ser viável para todos, especialmente para os mais pobres.
De maneira geral, o discurso é potente em termos simbólicos e ideológicos, mas carece de pragmatismo e de objetividade prática de implementação, sugerindo que não haverá avanços significativos.
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