Ensino bilíngue já é uma realidade no Brasil?
Quando Mandela disse que a educação é a arma mais poderosa que se tem para mudar o mundo, ele expressou de maneira singular algo que toda a teoria desenvolvimentista sempre preconizou: não há desenvolvimento sem educação.
Todos sabem disso, mas, no Brasil, em pleno século XXI, 11,4 milhões de pessoas com mais de 15 anos não sabem ler ou escrever. Neste contexto, falar em educação bilíngue nos remete à famosa frase atribuída a Maria Antonieta, no século XVIII, ao saber que seus súditos não tinham nem pão para comer. Se não tem pão que comam brioches ou, no nosso caso, se não sabem ler que falem uma segunda língua.
A aparente falta de sensibilidade e empatia, no entanto, pode levar uma cidade do interior de Minas a novos patamares quando o assunto é educação.
A Prefeitura de Governador Valadares celebrou uma parceria com o Instituto Brasileiro de Gestão Social (IBGS) e inseriu nas escolas públicas o primeiro programa de ensino bilíngue de que se tem notícia. A ideia é capacitar estudantes de toda a rede municipal do ensino infantil, fundamental I e II transformando o inglês na segunda língua de todos os estudantes.
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O programa denominado “YES I CAN” é construído com foco na interação dos estudantes com a língua estrangeira de forma natural, lúdica e criativa, com o intuito de tornar o aprendizado mais acessível. Esse método, até então, era utilizado apenas por escolas particulares que cobravam mensalidades que superavam em muito o salário mínimo vigente.
Se o projeto obtiver os resultados esperados contribuirá para reduzir a desigualdade entre ricos e pobres e dará à população de baixa renda melhores condições de acessar oportunidades acadêmicas e profissionais.
O projeto iniciou em fevereiro desse ano com o treinamento dos instrutores. Além das aulas presenciais, estão previstas atividades, como suporte pedagógico aos professores, interações extraclasse, sinalização de espaços e objetos escolares em inglês, e o fornecimento de um material didático diferenciado que conta com óculos de realidade virtual e aumentada, uma caneta inteligente que funciona como uma tutora personalizada que permite ao aluno aprender no seu ritmo e de acordo com seus interesses, além de livros ilustrados de baixo custo, mas construído a partir de metodologia audiovisual.
Ainda não se pode medir os resultados do projeto, mas ele pode ser uma nova esperança para um município, cuja nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) está abaixo da média do Estado e ligeiramente superior à média do Brasil.
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