Expedição COP30 – Do Maranhão ao Pará
Já na etapa final da nossa jornada de motorhome rumo à COP30 temos vivenciado a máxima de que quando uma porta se fecha se abrem muitas janelas. Tínhamos agendado um momento com uma das prefeituras por onde passamos, mas em função dos imprevistos da estrada só conseguimos chegar à cidade quase 1 hora depois do planejado. Resultado: a prefeitura fechou às 14h e o momento que estava planejado não aconteceu
O fato nos fez refletir sobre algo que é bastante comum no Brasil: instituições públicas trabalharem apenas parte do horário comercial. Será que estamos tão desenvolvidos que não há nada que o setor público possa entregar de valor para a sociedade com mais 4 horas diárias de trabalho? O que vimos nas cidades mostra que há muito a se fazer.
Não nos demos por vencidos com o não do poder público e fomos para a rua encontrar as pessoas. Não podíamos ter tomado decisão melhor. Encontramos histórias e ações que nos encheram de esperança em relação ao poder e capacidade de superação do nosso povo. Nosso roteiro desses dois dias começou em Araguaína, Tocantins; dormimos em Imperatriz, Maranhão; e depois seguimos para Paragominas, Pará, onde também pernoitamos, antes de chegamos a Belém.
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Araguaína não apresentou grandes surpresas, a cidade é muito quente e ficamos nos questionando a respeito dos refúgios contra o calor que as cidades brasileiras precisam implementar com urgência como ação de resposta e adaptação às ondas de calor causadas pelas mudanças climáticas.
Em Imperatriz pudemos observar o assoreamento do Rio Tocantins, a pavimentação cimentícia da catedral gerando uma fonte absurda e desnecessária de reflexão do calor, a falta de arborização de uma grande parte da cidade que aumenta ainda mais a sensação de calor, mas foi lá que a viagem nos proporcionou uma das experiências mais emocionantes do percurso. Ao andar pela cidade nos deparamos com um projeto do Sebrae e da Suzano que apoia empreendedoras de baixa renda. Conversamos com a Débora, uma verdadeira artista, que transforma doces de leite em pó em frutas, papai noel, flores e etc e com a Adreína, uma doceira empreendedora que nos impressionou com sua força, resiliência e principalmente com sua visão de futuro.
Em Paragominas encontramos uma cidade planejada, bonita, organizada e limpa, que nos surpreendeu bastante. Infelizmente, mesmo sendo uma cidade nova, o problema da arborização urbana também se mostrou presente.
Na estrada entre o Tocantins e Belém presenciamos muita plantação de eucalipto, diversas áreas desmatadas e sem nenhuma atividade econômica aparente, encontramos diversos focos de incêndio e enormes áreas degradadas. Mas a preocupação com a vida humana acabou roubando todo o foco.
Entre Paragominas e Belém ficamos presos na estrada, pois uma comunidade estava bloqueando a ponte em protesto pelo assassinato de um agricultor local, segundo eles, encomendado por grileiros locais. Esses fatos nos levaram a refletir sobre a complexidade da questão fundiária e sobre a degradação do solo que segundo últimos levantamentos já atinge 100 milhões de hectares no Brasil.
Chegamos a Belém extremamente preocupados, porque em quase 3.000 km de estrada não nos deparamos com nenhum resquício de floresta amazônica.
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