Caminhos sustentáveis

Expedição COP30 – Do planalto central à Amazônia

Quando o IBAM idealizou essa expedição, não imaginava que tantas surpresas interessantes aconteceriam
Expedição COP30 – Do planalto central à Amazônia
Foto: Reuters/Wagner Santana

Dando continuidade à nossa jornada de motorhome rumo à COP30 temos vivido na prática a célebre frase do poeta e diplomata Vinícius de Moraes: “A vida só se dá para quem se deu.” Quando o IBAM idealizou essa expedição, não imaginava que tantas surpresas interessantes aconteceriam.

Depois de Brasília, seguimos pelo Cerrado brasileiro, nos deliciamos com paisagens deslumbrantes na Chapada dos Veadeiros e apesar de não termos tido tempo para aproveitar todo aquele deslumbre ficaram claros os benefícios da prática do banho de floresta. A convivência próxima com a natureza parece ter multiplicado nossas energias.

E foi assim, cheio de energia, que chegamos a Palmas, onde conhecemos o Parque dos Pioneiros. Fomos recebidos pelo prefeito, a equipe da prefeitura, da Universidade Federal do Tocantins, e Sr. Nascimento, presidente da Associação dos Moradores do bairro Aureny. Conhecemos o projeto “Palmas: Cidade Presente”. Esse momento registrou três aspectos muito importantes.

O primeiro é relativo à importância do planejamento, já que no Brasil temos uma cultura que, muitas vezes, menospreza esta etapa. Palmas decidiu fazer um movimento diferente: investiram em um processo estruturado que incorporou a co-criação e processos participativos, bem como definição de indicadores de mensuração e metas. Assim, o município se tornou capaz de olhar para os problemas de maneira sinérgica e estruturada, e captou R$ 500 milhões, relacionados ao financiamento climático, de um organismo multilateral. Esse fato reforça a máxima de que há dinheiro disponível, mas faltam projetos com metodologias contemporâneas.

O segundo ponto que nos chamou a atenção se relaciona à governança desenvolvida durante o projeto. O município atuou em parceria multinível e multisetorial por meio da Cooperação Brasil-Alemanha para o desenvolvimento sustentável – GIZ. E destinou um pequeno percentual para o investimento de arranque (capital semente), resultando na entrega de um laboratório de articulação ambiental e urbana em prazo recorde, o que assegura confiança e tangibilidade ao projeto. Tudo isso despertou o senso de propósito nas pessoas que se apropriaram do projeto como se fosse pessoalmente delas e gerou uma paixão inspiradora.

Por fim, se revelou uma visão que muito provavelmente levará o município a um nível de qualidade de vida diferente dos demais municípios brasileiros. O prefeito foi taxativo: “Palmas não tem e nunca terá um curso d’água canalizado. Aqui esses ativos serão utilizados para gerar qualidade de vida e lazer para as pessoas, além, é claro, de criar espaços esponja que ajudarão a cidade a se tornar mais resiliente diante das mudanças climáticas.”

A imagem parece óbvia, mas infelizmente ainda é exceção no cenário nacional. Saímos de Palmas com a esperança renovada e seguimos para Imperatriz e em seguida para Belém, ansiosos pelo que a vida nos dará.

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