Caminhos sustentáveis

Entenda por que o hidrogênio verde virou o desejo de quase todas as nações

A adoção do hidrogênio verde enfrenta barreiras significativas, incluindo altos custos de produção

O hidrogênio, elemento mais abundante no universo, emerge como uma peça-chave na transição energética rumo a um futuro sustentável devido à sua capacidade de armazenar energia e à sua versatilidade de uso.

Normalmente, vemos o hidrogênio ligado a uma cor, sendo a verde a mais comum de todas. O que muitas pessoas não sabem é que essa cor tem um significado, já que representa o método de produção utilizado que traz consigo implicações ambientais e econômicas.

O hidrogênio verde é o mais celebrado por ser produzido via eletrólise da água, utilizando energia renovável. Esse processo não emite CO2 e, por isso, adiciona uma terceira característica ao hidrogênio, que amplia substantivamente o interesse de governos e empresas no seu desenvolvimento: a sustentabilidade.

Entretanto, a adoção do hidrogênio verde enfrenta barreiras significativas, incluindo altos custos de produção; investimentos maciços em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e infraestrutura; dificuldade de transporte e armazenamento, devido à sua leveza e alta reatividade; e necessidade de padronização de regulamentos e incentivos para expansão do mercado em nível global.

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Por isso, a viabilização dessa tecnologia demanda que os governos contribuam para a superação dos desafios. Essa colaboração pode ser dada, por exemplo, por meio de políticas de incentivos fiscais e de financiamentos de pesquisa e desenvolvimento e de investimentos privados em infraestrutura para produção, transporte e armazenamento do hidrogênio verde. O estabelecimento de regulamentações claras e padrões internacionais para produção e comercialização também são iniciativas fundamentais, bem como a celebração de acordos internacionais com outros países e a realização de agendas e missões internacionais de negócios.

O relatório “Energy Transition Investment Trends 2024”, recém-publicado pela BloombergNEF, evidencia que o hidrogênio verde é um vetor energético versátil e virou o desejo de quase todas as nações do mundo. Em 2023, o mundo alcançou US$ 1,8 trilhão de dólares de investimento para a transição de energia e a aplicação de recursos em hidrogênio verde triplicou em apenas um ano. Este aumento reflete uma confiança crescente no mercado de hidrogênio verde e sinaliza um compromisso robusto com a inovação e a sustentabilidade.

O relatório também apresenta o Brasil no 6º lugar do ranking de países que mais recebem investimentos nessa área. A tendência é que os montantes aplicados sigam crescendo, tendo em vista que a neutralidade de carbono demanda investimentos da ordem de US$ 4,84 trilhões por ano, valor que é pelo menos o triplo dos aportes feitos até agora.

O Brasil, com sua abundância de recursos naturais e com um setor de energias renováveis bem desenvolvido, detém um enorme potencial para se tornar um dos líderes globais na produção e exportação de hidrogênio verde. O fato da vasta disponibilidade de energia solar e eólica estar particularmente nas regiões Nordeste e Norte traz, ainda, um outro potencial interessante que é o de redução das desigualdades regionais.

A população precisa, entretanto, fazer romper a letargia de seus governantes, deitados eternamente em berço esplêndido, para que busquem conhecer, investir e orientar o desenvolvimento sustentável do País para esse potencial estratégico.

Algumas iniciativas já em curso podem ser grandes aliadas dos governos para o rompimento dessa inércia. No Senado, tramita desde o último ano, o Projeto de Lei do Hidrogênio (PL 2308/2023), que regulamenta a produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono, institui uma certificação voluntária e dá incentivos federais tributários em investimentos para a produção de hidrogênio verde.

Já o BNDES possui, desde 2022, uma linha de crédito com juros extremamente baixos e empréstimos de até R$ 300 milhões para a instalação de fábricas de produção de hidrogênio verde voltadas para o atendimento ao mercado doméstico.

Não há mais justificativas para que poucos estados, como Ceará, Minas Gerais e São Paulo concentrem a maior parte dos investimentos voltados à produção de hidrogênio renovável no País. É hora dos outros governos estaduais assumirem o seu protagonismo, contribuindo para que o Brasil promova a sua transição para uma economia limpa, resiliente e próspera.

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