Oitavo dia da COP30: e para o oceano, nada?
Esclarecimento: Oficialmente, essa terça-feira (18) é o nono dia da COP30. No entanto, como não houve expediente no sétimo dia, não o estou contabilizando. Por isso, considero que essa terça seja o oitavo dia e os avanços nas negociações foram pífios, embora nos pavilhões tenham ocorrido debates e apresentações muito ricos.
Nesse oitavo dia, o tema central da COP30 foram os ecossistemas, com destaque especial para os oceanos. O dia começou com 17 países participando do Desafio Azul NDC. NDC é a sigla em inglês para *Contribuições Nacionalmente Determinadas*, ou seja, os compromissos climáticos que cada país apresenta no âmbito do Acordo de Paris, definindo metas específicas de redução de emissões de gases de efeito estufa e ações de adaptação às mudanças climáticas.
As NDCs representam o principal instrumento de planejamento e transparência da ação climática. Por isso, incluir o tema dos oceanos nas NDCs é considerado um passo fundamental para ampliar o impacto desses mecanismos, principalmente porque os ecossistemas marinhos desempenham papel crucial na regulação do clima — absorvendo cerca de 25% das emissões globais de CO₂ e mais de 90% do excesso de calor gerado pelo efeito estufa.
Nesse contexto, uma notícia que deveria ser positiva acabou se tornando frustrante: menos de 10% dos países signatários aceitaram o desafio de integrar os oceanos às suas metas climáticas. Isso transmite a mensagem de que muitos governos ainda não reconhecem a importância do cuidado com os oceanos para a resiliência costeira, segurança alimentar, biodiversidade e justiça climática.
O dia ganhou um tom mais animador com o lançamento da Rede Global de Paisagens Marinhas Regenerativas, destinada a mobilizar pelo menos US$ 20 bilhões para uma Economia Azul Regenerativa. Também foram apresentadas novas ferramentas, como o Painel de Implementação das Soluções Oceânicas (OBID) e o Kit de Ferramentas de Biodiversidade Marinha e Saúde do Oceano (MBOH Toolkit), que reforçam a transparência e o rastreamento do progresso em áreas como conservação marinha, transporte marítimo, alimentos aquáticos, turismo costeiro e energia limpa. Mas o financiamento concreto ainda não chegou.
No Pavilhão Cidades Resilientes, discutiu-se a governança climática e como a interação entre governos, empresas, sociedade civil e populações vulneráveis pode acelerar a adoção de soluções e reduzir os custos de implementação.
No Pavilhão do Consórcio da Amazônia Legal, painéis conjuntos com representantes das Nações Unidas e da Índia abordaram ações para fortalecer as interconexões entre água, alimento e energia, aprimorar a governança global e implementar a transição energética em larga escala.
Por fim, o antiprêmio Fossil of the Day foi surpreendentemente concedido ao Canadá, que não recebia essa crítica há mais de uma década. A quebra desse paradigma se deu pelo retrocesso nas políticas climáticas do novo governo canadense, acusado de abandonar avanços anteriores e de se omitir nas negociações multilaterais. O país também foi criticado por sua inação diante da construção do Mecanismo de Ação de Belém, deixando de ser protagonista para se tornar um mero espectador apático.
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