Quando as algas tomam conta: um alerta global
Nos últimos anos, um fenômeno ambiental tem merecido atenção global: o aumento desproporcional de algas, particularmente do gênero sargassum. O que antes era uma discussão pontual se transformou em um problema generalizado no Oceano Atlântico com possibilidade de se estender para outros locais.
Na última semana, o Laboratório de Oceanografia Óptica da Universidade do Sul da Flórida publicou um relatório que mostra que, em 2023, o Caribe registrou uma quantidade recorde de sargaço. A estimativa é que o quantitativo tenha passado de 38 milhões de toneladas métricas da alga, a maior quantidade registrada desde que os cientistas começaram a estudar o Grande Cinturão de Sargaço do Atlântico em 2011. Mas o que isso significa?
Difícil precisar, mas os impactos podem ser sentidos diretamente na biodiversidade, na economia de comunidades costeiras, no turismo da região, na vida selvagem e na liberação de gases tóxicos que forçam o fechamento de organizações públicas e privadas, como aconteceu com uma escola na ilha caribenha da Martinica.
As praias caribenhas, conhecidas como destinos paradisíacos, se tornaram locais de acúmulo de algas, afastando visitantes e, consequentemente, afetando empregos e a economia local.
Para quem acha que esse é um problema distante da gente, vale a pena lembrar que esse fenômeno se manifestou com força entre 2014 e 2015, nas praias brasileiras, principalmente do Nordeste. Naquele momento o mar foi coberto por um imenso tapete de sargaço. Surpreendentemente, investigações revelaram que as algas não se originavam do Caribe.
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A questão não é somente a respeito do acelerado crescimento das algas, mas também sobre os alertas que isso traz. Do ponto de vista de causas, a multiplicação acelerada se deve à combinação de águas aquecidas e escoamento agrícola rico em nutrientes. Do ponto de vista de impactos, o acúmulo de sargaço bloqueia a luz solar necessária para a sobrevivência dos recifes de corais e outras formas de vida marinha, matando ecossistemas inteiros. Para piorar, sua decomposição gera gases tóxicos.
Durante muito tempo, o problema do sargaço foi considerado um problema local, mas seu crescimento tem sido tão intenso que já se começa a considerar a possibilidade dele se espalhar por outros oceanos. Na região, já são dezenas de países afetados, o que já permite que o problema seja considerado em nível internacional.
O sargaço parece só mais um dos muitos avisos da mãe natureza de que, se não tomarmos medidas urgentes e imediatas, a destruição ambiental pode levar ao colapso de todos os sistemas sociais e econômicos desenvolvidos pela humanidade. Não se trata apenas de matar o planeta. Por isso, é vital que unamos forças em prol da mudança. Temos condições de estabelecer políticas eficazes de gestão de recursos naturais. Nada nos impede de promover uma agricultura mais sustentável!
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