Sexto dia da COP30: os esforços para o financiamento climático
O ponto alto do sexto dia da COP30 foi a reunião ministerial de alto nível que reuniu líderes climáticos, ministérios da Fazenda, bancos multilaterais de desenvolvimento, fundos climáticos e lideranças do setor privado. O objetivo era construir um caminho compartilhado para destravar os USD 1,3 trilhão anuais necessários à adaptação climática dos países em desenvolvimento.
A reunião contou com a presença dos presidentes da COP30 e COP29, além do Secretário Executivo da UNFCCC, Simon Stiell. As conclusões, no entanto, parecem apontar para a dificuldade de atingir esse valor durante a COP30, já que os líderes enfatizaram que essa ambição depende de reformas coordenadas em financiamento concessional, mandatos dos bancos multilaterais, estruturas domésticas de investimento, instrumentos financeiros inovadores e ecossistemas regulatórios fortalecidos — mudanças que não ocorrem rapidamente, muito menos no espaço de uma única COP.
Diante desse cenário, a presidência brasileira buscou orientar a discussão em termos de resultados, propondo a identificação de marcos concretos de implementação que possam catalisar rapidamente a ampliação do financiamento climático.
Se, por um lado, a incorporação das recomendações nas práticas institucionais e de mercado aponta para uma visão mais focada em entregas e resultados, por outro, a ausência de uma perspectiva temporal clara e a urgência dos recursos impedem que a reunião seja considerada bem-sucedida.
Três outras iniciativas voltadas para o aspecto financeiro também merecem destaque: a primeira Cúpula de Proprietários de Ativos, realizada na quarta-feira, que reuniu cerca de 30 dos principais proprietários de ativos globais (totalizando USD 10 trilhões em ativos); o lançamento dos Princípios e do Roteiro para Interoperabilidade de Taxonomias; e a ampliação da Coalizão Aberta para Mercados de Carbono de Conformidade, que agora conta com 18 apoiadores — Brasil, China, União Europeia, Reino Unido, Canadá, Chile, Alemanha, México, Armênia, Zâmbia, França, Ruanda, Andorra, Guiné, Nova Zelândia, Mônaco, Singapura e Noruega. Todos esses esforços buscam mobilizar os recursos necessários para efetivar o Roteiro de Baku a Belém e entregar a visão de USD 1,3 trilhão.
O destaque negativo do dia, apontado pelo Fossil of the Day Award, foi a Indonésia, que recebeu o contra-prêmio por permitir forte influência de lobistas de combustíveis fósseis em sua delegação e por repetir, quase literalmente, seus argumentos nas negociações climáticas.
Ouça a rádio de Minas