Capitalismo Consciente

Desafios históricos, avanços e os caminhos para um futuro antirracista alinhado à Agenda 2030

Celebração do Dia da Consciência Negra convida à reflexão sobre a história, os desafios e as conquistas do nosso povo negro

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro no Brasil, é uma data que
convida à reflexão sobre a história, os desafios e as conquistas do nosso povo negro.
Embora os impactos do racismo estrutural permaneçam evidentes, este é também um
momento de destacar avanços e traçar estratégias para a construção de um futuro mais justo, alinhado aos princípios da Agenda 2030 da ONU.

A desigualdade racial no Brasil tem raízes profundas, desde a escravidão, que por mais de
300 anos foi o motor da economia colonial, até a abolição tardia em 1888, que deixou a
população negra sem políticas de reparação. Esses fatores estruturaram desigualdades que
perduram, e listarei algumas aqui:

Educação: Segundo o IBGE (2023), apenas 18,4% da população negra de 25 anos ou mais
concluiu o ensino superior, enquanto esse índice sobe para 36,1% entre brancos.
Mercado de Trabalho: O Ipea mostra que pessoas negras ocupam majoritariamente posições
de menor remuneração e representaram, em 2022, apenas 5% dos cargos executivos no
Brasil.

Violência: O Atlas da Violência de 2023 revelou que jovens negros têm 2,6 vezes mais
chances de serem assassinados do que jovens brancos.

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Bem esses dados revelam que o racismo não é apenas individual, mas uma estrutura que
restringe oportunidades e perpetua desigualdades. Infelizmente.

Mas quero aqui também trazer alguns exemplos, e estratégias positivas, pois não basta ser
apenas otimista, ainda que o seja, mas temos que trazer como aliados os antirracistas, que
entendem seu papel como colaboradores para novos e importantes acessos, nesse longo
processo de reparação. Já trago como exemplo esse espaço do artigo, pois aqui, quem vos
fala, é uma mulher, primeira colunista preta do jornal DC. Isso é um grande avanço, e
inclusive já quero agradecer a Adriana Muls por esse convite. E claro que vou compartilhar
mais alguns importantíssimos exemplos de avanços!

  • As cotas raciais nas universidades públicas e em concursos têm ampliado o acesso à educação superior. Em 2021, a proporção de estudantes negros em instituições públicas chegou a 38%, comparada a 20% em 2010.
  • Políticas de ações afirmativas têm sido implementadas no setor privado, promovendo diversidade nas empresas.
  • Maior representatividade: A presença de pessoas negras na política tem crescido. Nas eleições de 2022, candidatos autodeclarados negros representaram 49% dos eleitos para cargos legislativos.
  • A cultura negra está ganhando mais espaço na mídia e no entretenimento, contribuindo para a valorização da identidade afro-brasileira.
  • Mobilização da Sociedade Civil: Organizações como a Cufa (Central Única das Favelas) têm sido essenciais para promover inclusão e oportunidades em comunidades periféricas.
  • A Agenda 2030 da ONU, com seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), oferece um roteiro para um futuro mais igualitário. A luta antirracista está diretamente conectada a vários desses objetivos, incluindo: ODS 4 (Educação de Qualidade): Ampliação do acesso à educação inclusiva e de
  • qualidade para crianças e jovens negros. ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico): Garantia de igualdade no acesso ao mercado de trabalho e redução das disparidades salariais. ODS 10 (Redução das Desigualdades): Combate ao racismo estrutural e promoção de políticas de reparação.
  • Para avançar de forma significativa, é necessário engajamento de todos os setores da sociedade. Então vem aqui comigo, quero trazer algumas ações estratégicas e assertivas.
  • Educação antirracista: Incorporar a história e cultura afro-brasileira nos currículos escolares, como determina a Lei 10.639/03.
  • Incentivar empresas a adotarem políticas de diversidade racial, indo além de ações pontuais para mudanças estruturais.
  • Criar programas de mentoria e aceleração de carreiras para jovens negros.
  • Garantir a continuidade e ampliação das cotas raciais.
  • Promover investimentos em saúde, segurança e habitação em territórios majoritariamente negros.
  • Ações antirracistas devem ser lideradas por pessoas negras, mas também demandam aliados conscientes.
  • Engajar a sociedade civil na construção de narrativas positivas e inclusivas. E tantas outras ações pavimentadas em política pública eficaz.

O Dia da Consciência Negra nos lembra que a luta por igualdade racial é um compromisso contínuo. Reconhecer os desafios históricos é essencial, mas é igualmente importante celebrar os avanços e construir um futuro onde o racismo não tenha lugar. Alinhado à Agenda 2030, o Brasil pode se tornar um exemplo global de transformação social, com oportunidades reais para todos.

Que cada passo dado hoje ressoe como um compromisso com um amanhã mais justo e igualitário.

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