Capitalismo Consciente

Como as empresas e o Capitalismo Consciente podem colaborar para a resiliência climática

A mobilização nos pede conscientização, conhecimento e cooperação

Recentemente, participei do painel “Redes de Soluções pela Resiliência Climática” no Encontro Nacional do Terceiro Setor (Enats), representando o Capitalismo Consciente. E qual é a conexão entre o movimento e o clima? O Capitalismo Consciente se baseia na abordagem sistêmica do capitalismo de stakeholders, que reconhece a importância de cada parte interessada no ecossistema de uma organização – e o meio ambiente é um stakeholder fundamental. Essa perspectiva amplia o papel das empresas, que passam a assumir responsabilidades socioambientais amparadas pela governança, e a contribuir diretamente para a resiliência climática.

Se antes o meio ambiente era um stakeholder silencioso, agora está gritando por meio dos extremos climáticos (eventos que extrapolam as médias históricas), como chuvas e secas intensas. Não à toa. Há 200 anos, éramos um bilhão de pessoas; hoje somos 8 bilhões caminhando para os 10 por volta de 2050. Se em 2024, segundo o índice de Sobrecarga da Terra, consumimos em 7 meses o que o planeta levar 12 para regenerar, ou seja, 1,7 Terra no ano, em breve, nem duas Terras serão suficientes. O nosso modelo de produção e consumo tornou-se insustentável. E como buscar uma solução? Através das redes de cooperação.

Para um problema de escala planetária, as soluções estão na cooperação global, mas com atuação através de redes locais. Por isso, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um chamado para a ação de governos, empresas e sociedades. Enquanto o primeiro setor pode entrar com o arcabouço regulatório, o segundo entra com soluções inovadoras e mobilização de recursos financeiros e o terceiro setor, com experiência em impacto positivo, ajudando no design de projetos que contribuam para a resiliência climática.

Sendo o Capitalismo Consciente um movimento sistêmico com o propósito deacelerar a transformação cultural das empresas para impulsionar mudanças positivas, é fundamental capacitar as lideranças. Atualmente, há uma falta de consciência e compreensãosobre o que está em jogo. A complexidade dos temas ambientais e o despreparo de muitos gestores tornam a situação ainda mais desafiadora. Embora estejamos avançando, os passos são lentos, travados por uma mentalidade individualista que inibe a criação de redes colaborativas. A mobilização nos pede conscientização, conhecimento e cooperação.

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É preciso compreender que estamos todos conectados. As empresas estão inseridas numa economia que está dentro de uma sociedade que, por sua vez, depende da biosfera para sobreviver. Se ela colapsar, colapsamos todos nós. Por isso, esta é a década da ação. Citando Barack Obama, nós “somos a primeira geração a sentir o impacto das mudanças climáticas e a última geração que pode fazer algo a respeito”. Cooperemos então para fazer o que precisa ser feito.

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