Inovação como estratégia para o cumprimento da Agenda 2030

A longevidade empresarial passa, primordialmente, por três aspectos: pessoas, mercado (Capital Financeiro) e natureza (Capital Natural). A não compreensão desses aspectos inviabiliza o negócio. O melhor caminho para agregar valor à empresa, tornando-a longeva, é o da aplicação das melhores práticas de governança, lideradas por pessoas inovadoras, criativas, ousadas, inconformadas, necessitadas e, portanto, motivadas para uma transformação sustentável.

Para Guilherme Horn (2021, p.22), a empresa deve inovar antes que o contexto a obrigue. A mente inovadora é aquela que matará o próprio produto para a preservação do negócio. É aquela que revisita a causa, ao invés de se perder nas soluções.

A variável natureza não pode ficar de fora dos cálculos, dos debates, das estratégias e o único caminho para essa transformação é o da inovação. Neste sentido, as conclusões da 12ª edição do United Nations Global Compact-Accenture, publicadas em janeiro de 2023, de uma pesquisa desenvolvida com mais de 2.600 CEOs de 128 países, 18 setores e mais de 130 entrevistas, sobre: o impacto da convergência de obstáculos para os negócios e a sociedade, desde as oscilações no multilateralismo e a instabilidade socioeconômica até as interrupções na cadeia de suprimentos e os efeitos imediatos das mudanças climáticas.

Num cenário global altamente desafiador e faltando menos de oito anos para se alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 87% dos CEOs alertam que os atuais níveis de disrupção limitarão o cumprimento dos ODS estabelecidos pela ONU; 98% concordam que a sustentabilidade é parte essencial de suas funções, um aumento superior a 15% comparado há dez anos, quando da primeira pesquisa; que o clima geopolítico mundial prejudicou os esforços de sustentabilidade (43% CEOs globais x 51% CEOs de países em desenvolvimento).

Perceberam que somente dobrando a taxa de redução de emissões de carbono até 2030 conseguirão cumprir as metas net zero por eles próprios estabelecidas em suas companhias. E, por essa percepção, alguns líderes estão causando grande impacto, gerando valor para os stakeholders e vantagens competitivas, por meio da inovação e da colaboração, verdadeiramente alterando o futuro do desenvolvimento sustentável: 66% afirmam que estão engajados em parcerias estratégicas de longo prazo para construir resiliência, por meio da reconfiguração das cadeias de suprimentos subjacentes, requalificação das forças de trabalho, reavaliação do relacionamento com os recursos naturais e dos limites do planeta, com a ajuda de avanços tecnológicos, incluindo soluções físicas, digitais e biológicas; 63% buscam estratégias sustentáveis por meio do lançamento de novos produtos e serviços para a sustentabilidade; 55% aprimoram a coleta de dados de sustentabilidade na cadeia de valor; 49% investem em fontes de energia renováveis e já estão fazendo a transição para modelos de negócio circulares; 40% estão aumentando os investimentos em P&D para a inovação sustentável.

E este é o ponto que se apresenta na relação risco x oportunidade: o risco do não cumprimento das metas definidas para 2030 e a certeza sobre as consequências precisam despertar a oportunidade de se repensar os negócios e revisitar as causas.

Os CEOs identificaram, também, iniciativas importantes para a construção da resiliência empresarial, desde o estabelecimento de metas climáticas baseadas na ciência e o investimento na diversidade da força de trabalho até o engajamento em parcerias entre setores para soluções tecnológicas, aumentando a visibilidade da cadeia de suprimentos e promovendo uma maior biodiversidade.

É o que se espera do setor privado: uma postura proativa, com senso de urgência, criando condições técnicas e psicológicas para que todas as mentes engajadas de seus colaboradores se sintam seguras, estimuladas e em condições de revisitar os problemas e, talvez, até falharem na releitura deles, antes de encontrar caminhos inovadores e sustentáveis.