Capitalismo Consciente

Inteligência artificial e as relações humanas corporativas

Tema requer ações preventivas de lideranças conscientes

Qual o impacto da inteligência artificial (IA) nos trabalhadores? Com o seu avanço, o debate não interessa mais somente à parte inferior da pirâmide corporativa. Cargos da parte intermediária já estão comprometidos também.

Números e suas fontes: LinkedIn/Censuswide – 83% dos brasileiros acreditam que a IA pode melhorar sua rotina de trabalho; 36ª edição da Pesquisa Anual do CTI/FGV – a IA está presente em 80% das médias e grandes empresas, sendo pouco usada pela maioria (75%) pela falta de profissionais especializados e de um conhecimento ainda indisponível na maior parte das organizações; McKinsey – movimento de US$ 2,6 a US$ 4,4 trilhões por ano na economia mundial; Bloomberg – receita possível de US$ 1,3 trilhão até 2032; PwC – contribuição estimada de US$ 15,3 trilhões até 2030; programa IA para o Bem de Todos – investimentos públicos de R$ 23 bilhões até 2028.

Espera-se um retorno tão significativo quanto os investimentos feitos. Os riscos são inevitáveis: a cultura empresarial afeta mais o tema do que a própria IA; estratégias pouco claras; substituição inadequada de processos humanos; resistência na aplicação; falta de critérios; sobreposição de tarefas; desperdício de recursos financeiros. De acordo com a Korn Ferry, a tecnologia sem preparo causa falhas na integridade das informações, com perdas financeiras mensuradas no Brasil em US$ 331 mil e, no mundo, US$ 390 mil.

A baixa governança, a falta de processos e a pouca confiabilidade dos dados geram estresse e caos, não valor. Os desalinhamentos da gestão ficam mais evidentes com a tecnologia – não se resolvem com ela.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, até 2027 serão criadas 69 milhões de vagas e eliminadas 83 milhões – uma redução de 14 milhões de empregos, em razão do impacto da IA generativa. O número do IBGE de desempregados no Brasil, no segundo trimestre de 2025, era de 6,3 milhões. Um estudo da LCA 4Intelligence, que adapta a metodologia usada pela OIT, mostra que a IA generativa tem potencial de afetar 31,3 milhões de trabalhadores no País.

Realidades tão complexas não podem ser ignoradas. Uma pesquisa da 2025 Board Monitor – Brazil Snapshot, realizada pela Heidrick & Struggles, mostrou um sutil rejuvenescimento dos conselhos – reflexo da busca por perfis com maior familiaridade em temas como IA, volatilidade geopolítica, riscos, pessoas, ESG e segurança cibernética.

O tema exige ações preventivas de lideranças conscientes. Não basta a ferramenta: são indispensáveis a maturidade do time e dos dados, informações e conhecimento adequados e decisões qualitativamente melhores. Para a OIT, o mais provável é uma transformação do trabalho, não uma perda de postos. Se assim for, a própria IA poderá auxiliar os colaboradores em sua recolocação. Caso contrário, e se as pesquisas se confirmarem, estar-se-á diante de um número expressivo de desempregos e subempregos e, como consequência, da precarização das relações humanas corporativas.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas