Liderar com presença na era da IA
Vivemos um paradoxo: quanto mais evoluímos em tecnologia, mais nos distanciamos do que nos torna essencialmente humanos. Uma pesquisa recente do MIT revelou que o uso excessivo da inteligência artificial está nos tornando “preguiçosos cognitivamente” — perdendo a capacidade de refletir, discernir e sentir com profundidade.
No dia a dia, vejo lideranças cada vez mais desconectadas de si, engolidas por metas desafiadoras, tentando sustentar performance enquanto enfrentam exaustão, insegurança e falta de clareza.
E o cenário não é leve. O Brasil lidera o ranking global de ansiedade e ocupa o segundo lugar em casos de burnout, segundo a ISMA-BR. A OMS também aponta o País entre os mais afetados por depressão no mundo. Diante desse contexto, o papel da liderança consciente se torna ainda mais desafiador — e profundamente complexo.
Diante disso, a inteligência artificial aparece com força. Mas não raro, ela também chega cercada de medo: medo de ser substituído, medo de não acompanhar, medo de perder o controle. E é aí que mora o risco — não é a IA que nos desumaniza, é a forma inconsciente como escolhemos (ou não) usá-la.
Sim, a IA pode ser uma aliada potente. Quando usada com consciência, ela organiza o pensamento, antecipa cenários, traz clareza e eficiência. Mas não entrega o que só a presença humana pode oferecer: escuta genuína, conexão verdadeira e sensibilidade para o que não é visível aos olhos.
A liderança consciente do futuro não se mede por domínio técnico, mas pela coragem de sustentar o que não pode ser automatizado: sentir. Perceber o que está por trás do que é dito. Tomar decisões com presença, não com pressa.
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Na sua rotina de líder, o que você tem automatizado que talvez merecesse mais presença? Quais conflitos estão pedindo novos pontos de vista?
Fica o convite: não use a IA apenas na superfície. Use como ponte para clarear pensamentos, organizar demandas e abrir espaço para o que realmente importa — a conexão e a escuta.
Em tempos de respostas automáticas, escutar virou um ato revolucionário.
Mais do que aprender IA, talvez o essencial seja… não esquecer como ser.
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