Capitalismo Consciente

A mudança nas lideranças é urgente

É urgente realizarmos uma profunda revisão nos valores e na cultura que permeiam as organizações

Empresas e negócios permeiam nossas vidas. Em nosso cotidiano, a maioria de nossas necessidades é atendida por produtos e serviços fornecidos por empresas. Trabalhamos para elas e compramos delas e o modo como são conduzidas exerce um grande impacto em nossa vida: nosso bem-estar material, nossa saúde física, emocional, mental e espiritual, são fortemente afetados pelas empresas. Vivemos mais, somos mais bem instruídos, produzimos e consumimos cada vez mais. E somos extremamente infelizes, exaustos, intolerantes, deprimidos e ansiosos, como diversos estudos evidenciam, inclusive aqui no Brasil.

As empresas, não todas, felizmente, se tornaram ambientes tóxicos e que infligem grande sofrimento para as pessoas e para o planeta. Empregados são pressionados a trabalhar cada vez mais vendo cada vez menos sentido no que fazem. Lideranças, que deveriam ser fonte de inspiração e guiar as equipes em direção a um propósito maior, têm comportamentos abusivos. A ligação entre a liderança no mundo corporativo e a psicopatia não-violenta é amplamente reconhecida. Psicopatas podem ser atraídos para cargos de liderança porque esse posto lhes dá controle sobre as pessoas.

A Universidade de Economia e Negócios de Viena realizou recentemente um estudo aprofundado dos traços de personalidade de seis CEOs envolvidos em escândalos de negócios. O estudo usou a ferramenta de avaliação psicológica Psychopathy Checklist-Revised (PLC-R) para avaliar os traços de personalidade deles e verificar como eles se alinhavam. Foi identificado que as pontuações dos CEOs estavam todas acima da média da população, embora abaixo do limiar de diagnóstico para a psicopatia. O estudo também evidenciou que todas as lideranças estudadas tinham tendências maquiavélicas pronunciadas, como a tendência de manipular, trapacear e mentir.

Uma análise mais profunda das infraestruturas éticas das empresas antes e no início dos mandatos desses CEOs mostrou que havia diversos aspectos que possivelmente contribuíram para essas tendências comportamentais:

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• Governança interna ineficaz;
• Sistemas de incentivos falhos;
• Falta de regras de conduta;
• Uma forte pressão para aceitar o que a liderança determina;
• Culturas corporativas disfuncionais.

É urgente realizarmos uma profunda revisão nos valores e na cultura que permeiam as organizações. Precisamos de lideranças que integrem coração e mente, por meio do desenvolvimento da autoconsciência e da inteligência emocional, ao mesmo tempo em que capacitem e inspirem outras pessoas a fazer o mesmo. Este é o papel da liderança consciente.

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