Oh là là! Essa cultura é consciente!
Recentemente viajei a Lyon (França) para participar do desfile da 21ª Bienal da Dança e prestigiar o evento. Foram oito dias de imersão nos costumes e comportamentos das pessoas da terceira maior cidade francesa. Percebe-se prontamente ser um local que preza pelo bem-estar e pela sustentabilidade socioambiental, o que me instigou a aprofundar sobre estas questões. Compartilho, aqui, algumas iniciativas em sintonia com o Capitalismo Consciente.
No campo da mobilidade urbana, há um transporte integrado e eficiente que inclui metrô, tramway, ônibus e uma rede de ciclovias; áreas totalmente pedonais; além dos barcos nos charmosos rios “irmãos” da cidade: o Rhône e o Saône. É impressionante a quantidade de ciclistas e condutores de patinetes de forma organizada. Não se ouve o ronco de motos nem buzinas de automóveis e há acessibilidade para pessoas com dificuldade física e visual.
A arquitetura de Lyon é de uma beleza grandiosa. Há uma rigorosa preservação dos prédios baixos, principalmente nas zonas centrais e históricas. Busca-se preservar a vista, a harmonia da fachada com a identidade visual da cidade, o valor histórico e incentiva-se a sustentabilidade das novas edificações com telhados com jardins e painéis solares. Nas caminhadas, aprecia-se a bela vegetação contornando os espaços públicos.
Em se tratando de cidadania, defendem a economia circular e estimulam a utilização de embalagens próprias (refis) para comprar produtos de limpeza e grãos, que integram um ambicioso plano para reduzir ou até eliminar o uso de plástico descartável. Há apoio governamental para valorizar o produto local (agricultura, vinícolas, queijos, etc.), o que me fez deliciar os inesquecíveis sabores e aromas lioneses.
Algumas ações voltadas para o meio ambiente me chamaram a atenção: em épocas de calor, não aparam a grama das áreas públicas, buscando deixar uma camada protetora contra o sol forte e a favor da biodiversidade. Em alguns períodos do ano, as luzes da cidade se apagam a partir das 22 horas em função de um acordo internacional de consumo energético. E a famosa Festa das Luzes faz uso de led ou tecnologias de baixo consumo e incentiva deslocamentos sustentáveis.
Oh là là! Práticas sustentáveis de mobilidade, energia, arquitetura, espaço urbano… C’est beaucoup!
Parafraseando o antropólogo Michel Alcoforado, “tudo é culpa da cultura”. A cultura molda ações e comportamentos humanos nas quais as características individuais e coletivas têm uma raiz cultural. Convido nossos governantes, organizações, profissionais e pessoas cidadãs a se inspirarem nessa cultura consciente.
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