Capitalismo Consciente

O olhar feminino nos conselhos: comunicação que acolhe, conduz e constrói

Movimento trata da introdução de uma nova forma poderosa de se comunicar: a comunicação consciente

A presença feminina nos conselhos, sejam eles consultivos ou administrativos, vem provocando uma transformação silenciosa. Mais do que uma pauta de representatividade, esse movimento trata da introdução de uma nova forma poderosa de se comunicar: a comunicação consciente.

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em parceria com a ONU Mulheres, lançou recentemente a cartilha “Mulheres em Conselhos”, material que reforça o papel estratégico do olhar feminino na governança. O documento evidencia algo que já começa a ser percebido nas grandes corporações: no topo das organizações não se lidera apenas com números e relatórios; lidera-se, antes de tudo, com palavras, escuta e presença.

Em ambientes de conselho, onde decisões moldam o futuro das empresas e impactam ecossistemas inteiros, a comunicação consciente deixou de ser diferencial e passou a ser um pilar estratégico. Quando conselheiros comunicam com clareza, empatia e intenção, constroem confiança, reduzem ruídos e inspiram comportamentos que reverberam por toda a estrutura corporativa. Assim, a comunicação consciente é reflexo direto da cultura e da liderança.

O Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC (2023) destaca que o conselho tem a responsabilidade de zelar pelos valores, missão e visão da organização – e também pelo propósito. Isso significa que, nesse contexto, a comunicação expressa por meio de decisões, gestos e palavras precisa refletir o posicionamento da empresa que o conselheiro representa. Dessa forma, podemos conceituar que o conselho é a voz da cultura corporativa.

Ainda é comum que as organizações tenham conselhos majoritariamente masculinos, formados por conselheiros de perfil técnico e financeiro, cuja comunicação tende à rigidez e ao distanciamento (toda regra tem sua exceção, claro). Como defendem Nilima Bhat e Raj Sisodia em “Liderança Shakti”, integrar o feminino à liderança não é feminilizar o poder, mas humanizá-lo. É trazer empatia, escuta ativa, cuidado e intuição como elementos estratégicos de decisão. Trazer um olhar feminino para esse percurso pode e deve ser papel de ambos os sexos que se propõem a estar juntos na grande mesa das decisões – os conselhos.

Falar em comunicação consciente é, portanto, refletir sobre intenção, coerência, escuta profunda e afeto. A comunicação consciente não é apenas uma ferramenta, é uma postura. Conselhos conscientes constroem culturas saudáveis. Culturas saudáveis não adoecem pessoas, mas inspiram transformação.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas