Saiba o que é a IA Verde e como funciona a regulação no Brasil

O termo “IA verde” se refere às medidas de governança para diminuir os efeitos sobre o meio ambiente da produção e implantação de sistemas de inteligência artificial. Esses conceitos ganham especial relevância na construção dos grandes modelos de IA generativa, que exigem vastos conjuntos de dados e muitos recursos naturais limitados, como eletricidade e água, para serem tanto desenvolvidos quanto empregados.

Conforme destacado no Relatório 2024 da Agência Internacional de Energia (IEA), o consumo global de eletricidade de datacenters, criptomoedas e IA deve variar entre 620 e 1050 TWh até 2026. A água, por sua vez, é usada para resfriar os datacenters e não pode ser facilmente reutilizada porque contém produtos químicos adicionados. O ChatGPT, por exemplo, consome cerca de 500 ml de água para cada 20-50 perguntas e respostas simples. A expectativa é de que os datacenters das empresas de IA representem de 3% a 4% do consumo global de energia até 2030, o que pode saturar a capacidade local de fornecimento de energia, pois eles estão geograficamente concentrados em países que não têm uma pegada significativa de recursos renováveis (35% nos EUA, 16% na Europa e 10% na China). Por isso, o desenvolvimento de uma IA responsável deve ser inerentemente sustentável.

Sob a óptica do Capitalismo Consciente, as regulamentações para IA Verde podem não apenas promover a eficiência energética, mas também gerar valor para todos os stakeholders, incluindo a sociedade e o meio ambiente. A regulação de IA Verde no Brasil tem o potencial de criar um ambiente onde a inovação tecnológica esteja alinhada com os objetivos de sustentabilidade e responsabilidade social. O propósito não é apenas o lucro, mas a promoção de um progresso tecnológico que contribua para um futuro sustentável.

Como a matriz energética brasileira é amplamente baseada em fontes renováveis, o país tem uma oportunidade única de liderar globalmente na aplicação de IA sustentável. Ao adotar regulamentações que incentivem a eficiência energética, as empresas podem fortalecer a confiança com seus stakeholders, especialmente em um cenário onde a responsabilidade ambiental é cada vez mais valorizada por consumidores e investidores.

Para o sucesso dessas iniciativas, é essencial que exista uma liderança consciente, outro pilar fundamental do Capitalismo Consciente. Governos e empresas precisam adotar uma visão de longo prazo, equilibrando inovação tecnológica com sustentabilidade ambiental. As regulamentações de IA Verde devem estimular uma governança empresarial que não se limite ao cumprimento de normas ambientais, mas que ativamente promova a eficiência energética como uma vantagem competitiva. Além disso, ao priorizar investimentos em tecnologias limpas, empresas no Brasil podem contribuir para a criação de uma economia regenerativa que valorize o bem-estar das futuras gerações. Assim, a regulamentação de IA verde pode se tornar uma plataforma para inspirar novas práticas de liderança sustentável no setor empresarial.