Capitalismo Consciente

Stakeholders engajados e valorizados

Quando conheci o movimento Capitalismo Consciente, muitas perguntas que eu havia construído em minha jornada encontraram respostas nesta filosofia. Mas, o mais interessante é que me foram apresentadas novas perguntas, desafiadoras e muito altruístas, as quais me colocaram frente a uma realidade possível para o que chamamos de Modelo Econômico. Exatamente! Pude perceber que havia caminhos consolidados, pesquisados e comprovados, para que o mundo corporativo se tornasse um grande celeiro de comportamentos construtivos e colaborativos ante o grande campo de batalha, muitas vezes devastador, que hoje se vê em muitos setores, países e economias.

Sempre entendi, como professora universitária e treinadora corporativa, que deveria fomentar negócios sustentáveis e desenvolver colaboradores, empreendedores e prestadores de serviços conscientes de seu papel transformador no mundo. E, ano após ano, vimos diversos novos movimentos sendo fortalecidos para impulsionar a consciência e a sustentabilidade do planeta, por diversas perspectivas. Assim, para citar alguns e seus vieses, vimos esta força crescer a partir da Eco 92, do Capitalismo Consciente, em 2010, e da Declaração do ODS, em 2015.

Tenho visto, nesse tempo, que os movimentos que buscam uma “fórmula” para a vida sustentável – a partir de organizações responsáveis, conscientes de seu papel e influenciadoras de novo mindset, propõem uma nova estrada comportamental e de valores que, se forem entendidos como condição sine qua non para um negócio, de fato, o mundo poderá ser bem diferente para as próximas gerações.

Assim, como acredito que mudanças são saudáveis, possíveis e urgentes, e desenvolvo meu trabalho sobre o duo Colaboração + Cooperação, vou trazer os holofotes para uma reflexão coletiva sobre um dos pilares do Capitalismo Consciente: a orientação para stakeholders.

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O Capitalismo Consciente é uma filosofia de negócios para empresas que equilibram o sucesso financeiro com o sucesso das pessoas e da sustentabilidade de todo o processo. Nesse contexto, entender que todos os agentes que participam da entrega de valor da empresa, direta ou indiretamente, são altamente importantes e valiosos para o sistema e para a economia, corrobora com o que entendo por “universo Simplexo”: somos todos interdependentes e estamos todos interconectados – uma verdade simples e complexa.

Nessa amplitude, todos os agentes estão necessariamente conectados com as ações da organização, com seus resultados e com as escolhas desta jornada. Todas as pessoas que lidam com o ambiente corporativo, de um setor ou segmento, devem trazer um comportamento consciente, sejam líderes, colaboradores, acionistas, clientes, fornecedores, parceiros, agentes governamentais, sociedade, comunidade, concorrentes, enfim, todos.

Entender como esta interconexão afeta nossas escolhas, como produtores ou consumidores, valida o poder das forças centrípetas que influenciam as tomadas de decisão estratégica. Nisto, quero relembrar uma ligação extremamente relevante que toda empresa precisa valorizar: o ambiente interno com o ambiente externo. Sim! Os stakeholders orbitam os negócios com seus átomos, prótons e nêutrons e, como numa reação químico-física, interferem na essência do negócio e em sua aceitação. Em seu sucesso ou em sua derrocada.

Ou seja, desenvolver estratégias que aumentem o valor das relações com seus stakeholders tem se tornado fundamental para o desenvolvimento e a inovação nos negócios do mundo contemporâneo. Uma comunicação intencional, que se propõe a levar esclarecimento e buscar engajamento e consciência, é essencial para o sucesso de cada ação.

Ademais, sustentar uma relação de total transparência com seus stakeholders perpassa pela objetividade e ampliação da definição propriamente de quem são estes agentes, onde estão, quais são seus valores – que se conectam com os valores inegociáveis da empresa -, como lidam com seus colaboradores, como pensam e agem no mercado. Esta investigação é crucial para que as negociações entre as partes sejam equilibradas, saudáveis, positivas e respeitosas, garantindo equidade e valor real nas relações comerciais a que se propõem.

A transparência aliada à consistência pode adoçar um diálogo entre parceiros e, até mesmo, competidores. Afinal, respeitadas as questões éticas e legais, em nenhum lugar está escrito que concorrentes são inimigos ou que não possam se ajudar, haja vista, para ilustrar, cases de players setoriais que se aproximam num viés de colaboração criativa. Nisto, vejo oportunidades reais pois, quando há concorrência é muito natural que haja avanços tecnológicos, modais e comportamentais.

Em suma, uma empresa que tem sua orientação para seus stakeholders tem em seu escopo uma fábrica de oportunidades e, venhamos e convenhamos, todos queremos uma oportunidade para construir um mundo melhor.

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