Capitalismo Consciente

Sustentabilidade & Capitalismo Consciente

Sustentabilidade & Capitalismo Consciente
Gestor Executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade | MRV & CO | Crédito: Arquivo Pessoal

José Luiz Esteves da Fonseca*

Em 2015, durante a Cúpula das Nações Unidas, foi firmado um acordo entre os 193 Estados-membros, visando os 15 anos seguintes, comprometendo-se a seguir as medidas recomendadas em um documento chamado “Transformando o Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.

stariam nesse documento os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) que se desdobram em 169 metas. Seu foco era, e continua sendo, superar os principais desafios de desenvolvimento enfrentados pelas pessoas no mundo, promovendo assim o crescimento sustentável global até 2030.
Em 2023, percebemos que Sustentabilidade, ESG, ODS e Capitalismo Consciente são temas presentes nos eventos, reuniões corporativas, mídias, agendas de governos etc. O problema é que estamos em uma corrida contra o tempo para cumprir a agenda 2030.

Se o momento é favorável, por que não é regra geral hoje? Fato é que muitas empresas, em sua maioria pequenas e médias, ainda não embarcaram na agenda dos acrônimos ESG e ODS, e perdem oportunidades por estarem fora das práticas sustentáveis dessas agendas vinculadas ao ESG e ao Capitalismo Consciente.

A ideia de um capitalismo mais consciente nasceu nos anos 80, quando R. Edward Freeman designou o papel das empresas em relação às pessoas, à sociedade e ao planeta, em que busca mitigar os impactos enquanto gera riqueza e bem-estar para todos.

O tema tem ganhado força e levado as empresas a repensarem seus modelos de negócios, deixando de lado o foco apenas no lucro dentro do conceito do Capitalismo de Shareholders (modelo econômico em que a principal preocupação é maximizar o retorno financeiro para os acionistas). Além de identificarem que tal posicionamento pode ser “taxado” de poluidor, por não estar respeitando o “E”, de “agressivo” por estar em dissonância com o “S” e de “antiético” por não praticar o “G”, as empresas percebem também o alto risco para a sustentabilidade econômico-financeira do negócio a partir do “cancelamento” da marca ou dos produtos pelos clientes (outro stakeholder).

Em alguns movimentos, essas tendências estão bem atuais. O festival de inovação, SXSW® (South by Southwest®) – Austin-TX-23, por exemplo, trouxe o Capitalismo Consciente, e o tema foi aclamado pelos participantes como sendo uma das tendências mundiais.

E o que é Capitalismo Consciente?“O Capitalismo Consciente é um movimento global que se originou nos Estados Unidos e que tem como objetivo elevar a consciência das lideranças para práticas empresariais baseadas na geração de valor para todos os stakeholders.” Fonte: https://ccbrasil.cc/
Ao tomar a decisão em alinhar os processos da gestão corporativa ao conceito do Capitalismo Consciente, a empresa inicia comunicando aos stakeholders com transparência dentro do propósito, valores e crenças da organização, e posicionando a marca e o negócio, perante o mercado, dentro do princípio do respeito e da ética corporativa em que toda a empresa deve trabalhar o letramento e aculturamento dos quatro pilares do Capitalismo Consciente (#Propósito #Liderança #Stakeholders #Cultura).

Os desafios e oportunidades proporcionam capacidade na geração de impacto social positivo, originados na percepção das oportunidades oriundas da prática de escuta ativa. Diante de dados estratégicos, a empresa consegue equilibrar e mitigar os vieses divergentes, abrindo oportunidades para adotar modelos aplicáveis e alinhados ao Capitalismo Consciente.

Mas afinal o que é ser sustentável? É ser resiliente, é ser capaz de suprir suas necessidades no presente sem comprometer as próximas gerações. E sua empresa, está praticando isso? A ideia dos quatro pilares do Capitalismo Consciente foi de fornecer uma base inicial capaz de produzir esse engajamento na sustentabilidade. À medida em que as empresas firmam compromissos de forma voluntária, elas fazem a diferença e mudam o posicionamento da marca perante a sociedade.

Essa postura responsável torna a marca valorizada e propicia estabilidade ao modelo de negócio. Os benefícios são a fidelização de clientes, satisfação dos sócios e demais stakeholders, que se beneficiam de acordo com o papel de cada ator engajado.

Finalizando, os impactos positivos gerados pelo investimento social privado que as empresas desenvolvem propiciam o desenvolvimento de soluções sustentáveis e benéficas ao meio ambiente e à sociedade. Alinhado a isso, a governança organizacional aumenta a credibilidade e a confiança de seus stakeholders, que reconhecem as mudanças, passam a ser escutados de forma ativa e se veem como o centro das atenções do negócio da organização.

Portanto, não dá mais para dizer que não conhece, que não faz, não é norma, não está na Lei. A chave é agir “voluntariamente”, é ir além da obrigação legal, é fazer acontecer, é colaborar, compartilhar e contribuir com a mudança para um mundo melhor.

  • Gestor Executivo de Relações Institucionais e Sustentabilidade | MRV & CO. Embaixador do Capitalismo Consciente ([email protected]). Redes sociais: Linkedin e Instagram: @zeluizesteves
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