Os vários papéis do meu ‘eu’ econômico
Segundo previsões, em 2100 seremos mais de 10 bilhões de pessoas habitando o mesmo planeta. E o que significará convivermos compartilhando espaços, recursos e consumindo sem consciência das consequências dos nossos atos, como fazemos atualmente?
Em seu livro “Economia Donut”, Kate Raworth diz que o homo economicus é a menor unidade de análise na teoria econômica, sendo equivalente ao átomo na física, e do mesmo modo que este, sua composição possui consequências profundas. Como características, ela cita que esta espécie é solitária, calculista, competitiva e insaciável, e que demonstra pouco interesse pela satisfação dos direitos humanos e do meio ambiente. Talvez este seja o perfil de boa parte das pessoas, porém já existem aquelas que estão buscando evoluir nas atitudes mais simples, pois entendem que estas quando multiplicadas por 10 bilhões, podem fazer a diferença.

Como seres em constante evolução, precisamos de reflexões diárias e um reencontro com nós mesmos, para pintar um novo retrato a respeito do nosso eu econômico e do nosso papel dentro de um ecossistema maior, da sociedade e do País em que vivemos. Para a criação desta obra de arte, Kate Raworth propõe explorarmos cinco grandes alterações na representação de quem nós somos, buscando cultivar um espaço seguro, justo e próspero dentro de um modelo econômico que respeite os limites planetários:
1) Em vez de seres egoístas e autocentrados, sermos sociais e recíprocos;
2) Em vez de preferências inflexíveis, termos valores fluidos;
3) Em vez de isolados, sermos interdependentes;
4) Em vez de calcular, geralmente aproximarmos;
5) Longe de dominar a natureza, estarmos profundamente integrados na teia da vida.
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Assim, podemos fazer escolhas mais conscientes e mudar hábitos simples, compreendendo que nossos papéis individuais fazem sim diferença, seja nas coisas corriqueiras ou no âmbito das práticas coletivas. A oportunidade de reconhecer estas características é um convite para repensarmos nossos hábitos e enxergarmos novas possibilidades, que nos promovam benefícios, mas também reverberem ao nosso redor.
Deste modo, as mudanças em nosso comportamento são fundamentais e não apenas uma opção, com a compreensão de que este é o único caminho possível para mitigar os impactos negativos que permeiam o atual sistema econômico colapsado e inviabilizam a coexistência íntegra e próspera dos seres humanos, do meio ambiente e, consequentemente, dos negócios.
O futuro depende de pessoas conscientes, solidárias e engajadas em seu papel individual para a construção de um novo senso coletivo e de um capitalismo que propague benefícios além do lucro.
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